quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mistério do meio-fio



          Eu nunca soube porque o final da calçada é meio-fio. Como ele pode ser ‘meio’? Eu ficava pensando no tamanho do fio que eles usaram para esta denominação, mas como tinha coisas mais importantes para pensar, largava de mão.
          Pois é, a vida me pegou de surpresa, quando eu menos esperava meu namorado terminou comigo, fiquei na recuperação final na escola e não tinha dinheiro nem pra gasolina da minha caminhonete. Aqueles dias que nunca terminam bem estavam acontecendo, e nada como dias em que você nem se suporta para refletir sobre a sua vida.
          Eu cansei de esperar que alguém viesse me salvar, que eu descobrisse algum talento da noite para o dia, e que o sol se ponha no leste. Descobri, depois de tantos anos, que quem toma o rumo da minha vida sou eu, e que não devo esperar o destino decidir por mim, mesmo que eu acredite nele, tenho que o direcionar.
          Não direi a moral do pequeno texto, pois não tem. Eu ainda estou em movimento retardado quanto a minha vida, mas ela está indo melhor do que antes. Aqueles dias de solidão me fizeram muito bem. E para terminar o texto eu descobri o mistério do meio-fio: o nosso corpo é o fio inteiro, a nossa vida; para todo fim de calçada existe um meio-fio delimitando, assim como nós. Não somos o limite, mas apenas metade dele, a outra metade é preenchida por várias pessoas, que ás vezes plantam flores ou pisam na grama.

Pauta para Créativité, 11ª edição visual. Tema: Imagem.

1 opiniões:

Anônimo disse...

Bem legal o texto, e você escreve mega bem, adorei!
http://plush-love.blogspot.com/

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