quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Inafastáveis joaninhas


     Ela corria sem parar no jardim, com os braços abertos no meio das flores. Grandes flores eram aqueles girassóis abertos, amarelos como o sol, sorriam para ela cada vez que eram tocados pelas pequenas mãos. Então, ela parou, sentiu algo diferente, um arrepio pelo corpo, olhou as suas mãos e gritou. Saiu batendo nas flores, assustada, caiu na grama verde e encarou novamente as suas mãos, a mancha vermelha não estava mais lá.
     Enquanto atravessava a pequena ponte que dava para a casa na fazenda, sentiu, novamente algo estranho, mirou sua camisa e se pôs a batê-la inúmeras vezes, até a sua mãe chegar para acalmá-la.
     - O que foi, Sofia?
     - Um bicho, um bicho vermelho, mamãe.
     - Uma joaninha? - Disse com o animalzinho na palma de sua mão.
     - Eu não quero ficar perto dela, não quero. - Dizia Sofia, com as mãos cobrindo os olhos.
     Ela correu para dentro de casa e se jogou na cama, chorando. Tinha muito medo das joaninhas, não entendia que elas a temiam mais que Sofia à elas. E com as lágrimas derramadas no travesseiro, ela adormeceu.
     Sentada no banco de madeira, brincava com as margaridas por perto. Assuntos não faltavam, sobre bonecas, família, casa e comida. Até que a joaninha se intrometeu na história. Pousou na maior das margaridas, e ali parada ficou.
     - Sai daí, vermelhinha. - Brigava sem lembrar o nome certo. - Pare de incomodar a minha amiga.
     E a joaninha continuava parada, intacta. E por pura coragem, Sofia bateu na margarida, espantando a joaninha e a si mesma. Saiu balbuciando do banco, com as mãos agitadas no ar, tropeçou em uma pedra e caiu no meio das margaridas. Petrificada ela ficou, olhou para os lados, viu a brancura que a cercava e se acalmou. Fechou os olhos e adormeceu.
     Abriu os olhos, ainda parada, banhada pelo calor do sol que se despedia de mais um dia. Sem se mexer, encarou o vermelho que a cobria. Centenas de joaninhas cobriam o seu corpo, passeavam pelos braços, descansavam nas suas melenas. Ela não gritou, não se movimentou, nem piscou. Tanto fugiu das joaninhas, e tanto que elas a procuravam. Não era tão mal, sentia-se amada, protegida, até encantada.
     Muitas pessoas são como Sofia e as joaninhas, correm até das menores coisas, por medo, insegurança, por ser algo novo. Escondem-se, gritam e até brigam. Então, chega o momento inadiável, e o que você mais teme te cobre, encara-te. Não tenho medo de tentar, não tenha medo de experimentar, porque joaninhas podem ser assustadoras, mas ao mesmo tempo, encantadoras e essenciais.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Vítima da escuridão



      - Não se faça de vítima e abra a porta.
      - Não venha me dizer que eu estou fingindo o que sinto.
      - Eu não quis dizer isso, abra logo essa porta!
      - Para quê? Para você dizer que não presto?
      Ele entrou no quarto e a encarou.
      - Como você fez isso? Vá embora.
      - Eu não quis te deixar, foram as circunstâncias.
      Ele a abraçou, enquanto enxugava as suas lágrimas com beijos.
      - Eu sempre vou estar com você, no seu coração. Não se faça de vítima e vá viver.
      E desapareceu como em um sonho, e novamente ela estava sozinha, sentindo a dor na morte no peito.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tempo é opinião



      Lá estava eu, sentada na cadeira, olhando para o computador sem inspiração e eu me deparei com o tema internet. Um texto enorme, de um blog que preza a participação dos leitores, sobre o poder que ela tem de mobilizar, o poder de construir, destruir e reconstruir. Antes fosse mais um texto normal, mas o blog de concursos autónomos reclamou e apontou com o maior dedo indicador que as pessoas não usam mais a internet como fonte de saber e liberdade, para expressar sua opinião ou escrever para os blogs.
      Decidi dar uma resposta, mesmo que ela sirva só para mim, mas foi uma opinião que veio à tona muito rápido. A primeira coisa que tenho que falar é sobre a falta de participações naquele blog e em muitos outros. Não é porque os temas estão ruins, mas temos que lembrar que desde a criação do primeiro blog de concursos independente, o números de blogs com a mesma proposta aumentou, sendo que alguns deles tem mais preferência do que outros. Temos que considerar que as pessoas crescem e o tempo diminui, eu sou um exemplo disso, que entrei para o Ensino médio e vi minha vida se rebelar contra mim, indo de vinte posts para um por mês. Quem sabe não seja hora deles convidarem novas pessoas, enviarem mensagens, criarem uma propaganda atrativa para aqueles que gastam o seu tempo postando frases feitas no Facebook? Esses são os novos participantes, que encherão as páginas do orkut com links de textos maravilhosos. Claro que fico triste por não ter mais tempo, e ás vezes prefirir escrever para blogs diferentes, mas essa é uma opção minha. A blogosfera ainda é o lugar onde eu desenvolvo os meus temas, e tem muita gente que faz isso, só nunca foi chamada por esses blogs para participar. Por isso, digo a todos os blogs com essa proposta: parem de ficar reclamando e ação! Procurem essas pessoas e as chamem, como fizeram comigo.
      A segunda coisa é sobre o texto em si e as duas últimas frases, que foram: "Revolução, protestos e movimento são palavras que combinam com internet. Elas não combinam é com as palavras, brasileiros, seres humanos e modernidade." A internet mudou, ela acrescentou coisas ruins e boas, mas a pior coisa que ela fez foi separar as massas. Digo isso porque não somos mais unidos por um propósito só, navegamos em diferentes espaços. Somos a massa mais macia e moldável que a alta sociedade pode 'vender', somos modelados a partir do que os outros querem, e a intenet não serve mais como faca afiada, está mais para faquinha de plático do chá das cinco, tentando em vão acabar com esse molde. Admito que estou errada em alguns pontos, sobre a crítica que podemos fazer na internet, juntando milhares de pessoas por um ideal. Mas estou certa quando digo que alguns estão pouco de lixando para o que a massa faz ou deixa de fazer. É sobre essas pessoas que as duas frases de fechamento se resumem, as pessoas que não se importam com o nosso governo corrupto, com os mal tratos aos animais, com os impostos altíssimos ou com a violência cometida em casa ou no mundo. Não venha me dizer que o mundo mudou muito desde então, pois isso é uma mentira. As pessoas perderam seus ideais, e cabe a cada um de nós lembrá-las de seus deveres, pois se elas não acordam para a vida real, seremos nós, brasileiros, seres humanos na modernidade que mudaremos. Seja pelos livros, ao vivo ou intenet.


 P.S.: Eu fiquei indignada com o texto e soube que tinha que dar uma resposta e aí está. Se quiser ver o texto que citei, clique neste link.