quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um dia, elas não verão o céu


   Ás vezes eu paro para observar o comportamento das pessoas. Tento decodificar seus pensamentos os quais tenho certeza que são totalmente diferentes dos meus. Ás vezes me pego olhando o nada, o que me acalma.
   As luzes estão tão longe que nem ofuscam a minha visão, e eu ainda posso ver o céu. Céu esse, que não possuiu estrelas; pelo simples fato das luzes –as mesmas tão longe do meu alcance- ofuscarem os seus brilhos.
   Eu me sinto privilegiada por poder contemplar a visão da cidade, mas me sinto totalmente perdida sabendo que um dia nada disso existirá. Um dia as pessoas brigarão pelas coisas mais simples da vida, cometerão injustiças pelo seu próprio bem e destruirão bens em comum para sobreviver.
   Os prédios crescerão, as ruas ficarão estreitas, os carros disputarão espaço entre as minúsculas calçadas. As pessoas roubarão com mais normalidade, o índice de morte sobre poluição será a notícia dos jornais e o lixo consumirá toda a beleza que um dia existiu.
   As luzes se apagarão, e esta cidade virará ruínas. As estrelas brilharão, mas não haverá uma só alma para vê-las sorrindo. Talvez elas se sintam sós, talvez não. Talvez elas percebam que para brilhar foi necessário o extermínio da raça humana.
   E agora percebo, que a culpa não será delas; será só nossa. Aos poucos, nos mataremos por coisas banais, e logo depois por riquezas. O mundo ficará pequeno para tantas pessoas e os prédios tomarão conta do espaço.
   Antes de tudo acabar, já passando do ponto de equilíbrio e no final da geração; as poucas almas que sobreviverão serão esmagadas pela sua consciência, ao passar pelas estreitas ruas e só ver janelas vazias.
   Nas ruas não se verá mais a luz do sol, das janelas dos prédios não se verão às pessoas, do alto dos edifícios não se verão mais as estrelas. Um dia, nós não veremos mais o céu.

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P.S.: Eu acho que este foi o melhor texto que já escrevi, e sim, eu acho que a população vai crescer desenfreadamente e um dia, não haverá espaço para todos. Tive uma reflexão com o meu pai, onde há 44 anos só havia mato em Duque de Caxias. Hoje, cada vez mais prédios são construídos e não haverá ruas suficientes para todos os carros. O que eu quero dizer é que um dia -e ele não está muito longe- as pessoas não vão conseguir sair de casa e nem conviver consigo mesmas.

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Pauta para Bloínquês, 23ª edição. Tema: Foto do Texto.
Pauta para Sílaba Tônica, 5ª edição tema da semana. Tema: O futuro do planeta.

Você fez alguém feliz?


Hoje eu me perguntei: “o que você está sentindo?”. Eu penso que esta questão me fez refletir sobre muitos atos em toda a minha vida. Disseram-me uma vez que quando morremos, na cultura egípcia, no céu perguntam:
-Alguém fez você feliz? Você fez alguém feliz?
Talvez eu não consiga responder esta pergunta, mesmo com tantos anos vividos antes da minha morte. Então eu me questiono sobre as crianças, aquelas que procuram simplicidade na vida, e precisam que alguém as faça rir.
Eu me lembro dos palhaços, os mesmo que fazem a alegria das comemorações, retiram milagrosos sorrisos de uma criança e todo o dia é festa. Mas um dia, normal como qualquer outro, não haverá festa.
São essas pessoas, que fazem os outros sorrirem, que voltam a ser criança pelo próximo, que se tocam ao ver uma cena bonita e se questionam sobre o mundo; são essas pessoas as que têm muitos dias tristes.
Eu acho que nestes dias a vida para, eles param. Refletem sobre tudo e todos, se olham no espelho e reparam que envelheceram, e que a maquiagem já não esconde mais a tristeza. Então eles simplesmente sorriem, e percebem que a imagem refletida no espelho são os sorrisos, as lágrimas e as almas que eles fizeram acontecer.
Pessoas que espalham a alegria, como as palhaços, estão em todos os lugares. Nas casas, nos hospitais, nos orfanatos e no céu. Quando chega a hora da partida e as duas perguntas são feitas eu tenho a certeza da resposta:
-Você fez alguém feliz?
-Todos os que me viram e que se encantaram.
-Alguém fez você feliz?
-Os mesmos que se encantaram e me surpreenderam com um sorriso, o que me fazia querer ser eu mesmo todos os dias.

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Pauta para Mil Palvras, 17ª edição. Tema: Foto do texto.

Foto retirada do site Olhares

sexta-feira, 25 de junho de 2010

11ª Dimensão


   Eu vejo o meu reflexo na poça d’água formada pela chuva fina que caiu hoje de manhã. Penso em como deixei você escapar pelas minhas mãos, não fiz nada além de assistir a sua morte.
   A cada passo que dou minhas pernas tremem, talvez pelo frio ou pelo medo. Talvez esteja enlouquecendo por ver você a cada vez que olho para o escuro.
   Essa distância que nos separa me faz querer morrer para te encontrar. Eu deveria ter sumido, voltado para as minhas origens, mas você me fez querer ficar neste mundo.
   Eu era um anjo, um que caiu do céu para te ter, e depois desta prova de amor você desapareceu. Quando te encontrei, você estava caído, se afogando no seu próprio sangue. Não sei se morro ou se vivo, porque a vida me parou no instante que te encontrei.
   Eu chorei muito, lágrimas que antes eu não poderia derramar. Quis voar, voltar para o céu, mas eu não tinha mais asas. Então me lembrei de tudo o que você me disse nos seus sonhos.
   Eu sinto a sua falta todos os dias, mas sei que não estou sozinha. Quando as lembranças vão de encontro aos meus pensamentos, eu apenas repito a última frase que você me disse: “A vida não acaba quando se morre, ela apenas começa longe da realidade; e a sua realidade está muito longe da minha, novamente.”

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Pauta para Bloínquês, edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para OUAT, edição. Tema: Frase em itálico.



P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eu caí no buraco?


   Muitas vezes me perguntaram o porquê de eu gostar de Alice no País das Maravilhas, então eu respondo:
   - Ela não é uma menina indefesa, não é uma princesa delicada com todos os seus devaneios. Ela caiu em um buraco por uma simples curiosidade que eu admiro. Seu vestuário é simples, ela gosta de cantar e pintar, além de ser muito prestativa e alegre. Alice passa uma imagem que nenhum livro nunca me passou, ela me ensinou muitas coisas.
   Então me chamam de estranha por ter um gosto diferente, mas eu realmente acho que os melhores livros não são aqueles que falam sobre vampiros, seres mitológicos e amores proibidos ou melosos. Os melhores livros são aqueles que ensinam alguma coisa a nós.
   Lewis Carroll teve uma imaginação que eu não sei como descrever, que me fascinou e me entorpeceu com as suas palavras. Alice é uma menina normal, curiosa, com sentimentos reais; ela é inteligente, forte, segura e bonita. Eu me identifico com a Alice, mesmo tendo cabelo castanho.
   Eu não acredito em contos de fadas e em princesas, Alice é só mais uma garota normal que quebrou a monotonia dos livros que são feitos para adolescentes. Alice no País das Maravilhas me faz viajar para nunca mais querer voltar.

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Pauta para How Deal, 7ª edição. Tema: Qual o seu livro favorito?

P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Do you hear me?


   Palavras não bastam para descrever o que senti. Ela me olhou de um jeito puro, havia inocência nos seus olhos. Ela sorriu; suas bochechas apertaram os olhos negros e faziam seus óculos subirem, ao encontro da sobrancelha.
   Ela veio correndo, de abraçou, não disse nada. Passamos um bom tempo juntas. Ela enrolava os dedos nos meus cachos e sorria a cada vez que eles pulavam. Era uma diversão bonita, eu poderia ficar horas olhando, sem me movimentar.
   A professora fez um sinal e ela saiu dos meus braços. Foi para longe balançando a mão de um lado para o outro. Eu me encolhi, fechei a expressão e senti algo macio puxar o meu cacho. Era ela novamente. Ela fez alguns sinais enquanto eu tentava decifrá-la, a professora chegou perto de mim e cochichou: “Você não deve saber, mas ela é surda e muda”.
   Quando os meus pais disseram para mim que eu tinha uma irmã do outro lado do país, eu pensei que ela seria diferente, mas não do jeito que a conheci. Ela é inteligente, charmosa e muito ativa.
   E por incrível que pareça ela não me escuta, mas me entende como qualquer outra. Eu pensei, por leves minutos que aquele seria o pior dia de muitos vividos. Aquele foi o meu dia, o nosso dia. Foi o dia em que descobri que não é necessário ouvir nem falar para se comunicar; a linguagem do coração é a mais pura que existe. E eu tenho muita sorte de ter uma irmã assim.

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"Pauta para Projeto Entrelinhas, 2ª edição. Tema: Foto do texto."
"Pauta para In verbis, 3ª edição. Tema: Frase em negrito."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ears



Desenho para a 10ª edição fotográfica, Bloínquês. Tema: desenho.


P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Você vai sorrir para mim no final?


   Vou te contar como tudo começou. Ele era como um irmão para mim, não havia maldade e segundas intenções nas nossas conversas. Falávamos de tudo, mas um dia alguma coisa me revirou o estômago quando ele falou de sua namorada Joana.
   Eu sabia que tinha alguma coisa errada, mas não consegui decifrar. Ele me abraçou quando acabou de contar a caso e me beijou na bochecha.
   -Eu te adoro! – Sorri sem entender nada, pois eu não havia escutado nem uma palavra.
   -Eu também! – Respondi em seguida.
   Ele se levantou e saiu pela porta, me deixando estatelada com aquele sentimento novo dentro de mim. Chorei, chorei muito depois de alguns dias quando vi Alex e Joana se beijando. Eu não entendia aquele sentimento até que ele me viu chorando.
   Arregalei os olhos ao ver que ele estava parado em frete ao banco com uma caixa na mão. Sequei o rosto e ele se sentou, levantando o meu rosto.
   -O que aconteceu?
   -Acho que estou apaixonada pelo meu melhor amigo.
   Ele me abraçou e eu pus as pernas sobre as deles, agarrando-o com força. Ele soltou uma leve risada enquanto eu ainda estava emburrada. Ele passou a mão pelo meu casaco e me aproximou dele, dando-me um beijo no rosto.
   -Eu também gosto de você, mas você não acha estranho melhores amigos namorando?
   -Não.
   E lhe dei um beijo, carinhoso; ele me apertou mais e esfregou seu nariz no meu, enquanto sorria. Olhou-me nos olhou e me deu outro beijo, mais forte, mais rápido, mais apaixonado. Eu sentia sua respiração enquanto seus lábios foram se separando dos meus.
   -Agora eu acho possível.
   Nossos lábios se juntaram novamente por mais alguns instantes e depois ficamos abraçados, no meio da praça, rindo da situação em que ele me pôs, pedindo-me em namoro. Nós nunca sabemos o que a vida nos reserva, pode ser surpresas boas ou ruins, mas vale apena arriscar. A vida é um trem. Suba a bordo.

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Pauta para Onde as palavras se sobrepõem, 6ª edição. Tema: Foto do texto.
Pauta para Sílaba Tônica, 6ª edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para In verbis, 6ª edição. Tema: Frase em Itálico.

Dois pontos de vista


   Eu sou assim, meio pirada e cheia de defeitos. Em alguns momentos eu quero me esconder da loucura do mundo e dos defeitos do meu ser. Eu quero me afundar nos lençóis, e não me pensar no amanhã, mas sou obrigada pela minha própria mente a olhar para o passado. Quando quero me esconder eu tiro os meus óculos.
   Tentamos melhorar a cada dia não para o nosso próprio bem estar, queremos ser melhores que os outros ou impressioná-los. Mudamos com o tempo para ficarmos parecidos com as outras pessoas, para não sermos diferentes.
   Quando tiro os meus óculos eu vejo tudo claro, manchas e poucos detalhes. Eu não vejo os rostos das pessoas e suas expressões, eu foco no que está ao meu alcance. Quando estou sem óculos eu não me preocupo com que os outros vão pensar sobre mim; mesmo olhando nos olhos deles eu só vejo machas.
   São essas manchas que me confundem, que me fazem cumprimentar a pessoa errada ou abraçar um estranho; fazer alguma coisa bizarra e passar vergonha. Graças aos meus óculos eu mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado.
   A dificuldade de enxergar de longe me faz querer aproximar-me, tocar, sentir ou conhecer. Para todas as pessoas que enxergam o mundo de um modo só, eu me acho sortuda, por poder enxergá-lo e conhecê-lo de dois modos. Eu tiro os meus óculos para as novidades, e as vejo de outra forma; e coloco-o quando quero reconhecer um sorriso de quem eu fiz feliz por ser eu mesma.

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Pauta para Once Upon a Time, 49ª edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para OPEP, Edição In Colors. Tema: Livre.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Culpada, novamente


   Eu sei que sou desatenta, não me culpe por isso, culpe-me por não ter te ouvido. Não é certo eu jogar toda a culpa em mim, mas a verdade é essa. É estranho comos os fatos decorreram rápido, mas eu sei que alguma coisa aconteceu.
   Você escondia o jogo de mim, sentia vergonha ou qualquer outra coisa. Era calado em minha presença e frio nas palavras ditas comigo. Desejaria voltar atrás e concertar tudo, não ter te conhecido, mas o destino foi mais forte do que eu.
   Ainda me lembro das palavras soltas que disse quando me esbarrei em você, e seu óculos preto caiu. Seus olhos me hipnotizaram, o mel me deixou confusa e eu só pude dizer: ‘a culpa foi minha’.
   Agora eu percebo que todas as vezes que me encontrei com você eu sempre disse que a culpa era minha, eu não sabia o porquê. Novamente digo que a culpa é minha. Erros. Todos nós os cometemos.
   Hoje, ainda olho para o céu e penso em você, em todas as pessoas do mundo eu fui me apaixonar por você. Sinto que esqueçemos de dizer coisas, principalmente você. Desculpe por não ter te ouvido quando disse para manter distância, eu só queria fazer parte do seu mundo.
   Mais que nunca eu fazia parte, e foi toda esta minha desconfiança que fez você mudar, agora eu entendo. Diante de todas essas lembranças meu coração dói, por ter te perdido pela minha insegurança. A culpa foi minha, desculpe-me por te amar.

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Pauta para OPEP. Tema: Frase em negrito.
Pauta para Sílaba tônica, 4ª edição. Tema: Frase em itálico.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Não conte a ninguém


   Eles estavam sentados conversando na beira do mar, o vento batia e o cabelo da menina voava livre. O menino disfarçava, sorria de um lado, soltava algumas palavras de outro e em uma hora beijava a menina tão rapidamente que ela nem fechava os olhos.
   Ele se levantou e correu pela praia, ainda estatelada ela se levantou e correu atrás dele. Ele parou e olhou para ela, estava vermelho e o sol deixava sua pela morena no fim de tarde. Ela sorriu e ele voltou a correr.
   Ela se sentou na areia e começou a fazer montinhos de terra, fazia um ali, outro aqui. Ele parou, longe. Contemplou a simplicidade dos montinhos e veio caminhando, fazendo uma linha com o pé. Chegou bem perto na menina e lhe disse suas simples palavras:
   -Eu gosto de você.
   Ela se levantou e o encarou, meio sem jeito. Gentilmente ele ofereceu a mão – que foi pega – e a levou para ver suas mal traçadas linhas que formavam um coração com suas inicias: J e B. Ela sorriu e pronunciou suas tímidas palavras:
   -Eu gosto de você também.
   O sol encostou-se ao mar, dando a praia um tom dourado. Podiam-se ver duas pessoas, talvez namorados agora, andando de mãos dadas pela beira da praia. A água encostava suavemente nos seus pés enquanto eles se beijavam.

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Pauta para Bloínquês, 20ª edição musical. Tema: Frase em negrito.

Anjos de cristal


Eu olhei para o céu e senti que as coisas estavam diferentes. O céu havia mudado de cor e o meu corpo estava em perfeita harmonia com o espaço e tempo. Senti a neve caindo sobre o meu rosto, o casaco branco e meus cílios congelados. Senti pela primeira vez que havia encontrado o meu primeiro amor: a neve.
As pessoas pensam que precisamos de outro alguém para viver, nos completar; talvez elas estejam certas. No meu ponto de vista as coisas são um pouco diferentes, a sensação única de ser coberta pela coisa mais pura que eu já havia visto na minha vida.
Elas pareciam pequenos anjos, que protegem quem sente demais, que podem sentir a presença de um protetor. Eu estava segura, de um modo que não consigo explicar. Alguns podem me chamar de louca, outros de ingênua, mas eu me apaixonei por aquela sensação.
A sensação de querer mais, de se sentir completa, de se sentir especial. Eu me apaixonei pelo o dia em que conheci os finos cristais de gelo, que derretiam na minha mão a cada toque meu.
Hoje sinto que vai nevar, que o dia vai esfriar e as ideias vão fluir na minha cabeça. É nessa hora que saio em meio à multidão e cumprimento a neve. Isso não é loucura, é apenas um jeito que eu achei de me sentir protegida, ainda não sei de que. Talvez os anjos tenham gostado de mim.

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Pauta para Bloínquês, 20ª edição visual. Tema: Foto do texto.
Pauta para In verbis, 1ª edição. Tema: Frase em negrito.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

De perto ninguém é normal


   Foi constatado por todos os doidos varridos que eu conheço: o mundo gira pela loucura. Para aqueles normais, o sol nasce e sem põem sem significado; os dias frios são considerados tristes e as monótonas folhas ao vento, ele nem consegue as perceber. Para os loucos, tudo tem um significado, uma história.
   Pois bem, sinto dizer para os normais que acham que por serem considerados assim, seguirem as regras de tal modo que seja chato, se sentem no devido direito de não ser insano: vocês com certeza quiseram fazer uma loucura, se não já fizeram e sentem medo de assumir.
   Eu assumo que sou louca. Minha família, meus amigos, minha cadela e até meus objetos eletrônicos são alienados. Loucura não faz mal a ninguém, e eu vivo neste mundo onde os que fizeram diferença, seu ponto máximo foi a loucura.
   Eu quero que todos saibam que eu sou especial, que eu sou uma pessoa diferente das outras. Não sou excluída, mas sim mais amada do que qualquer outra, por ser louca. Talvez eu seja anormal demais, mas são apenas detalhes.
   São por momentos únicos, dias aproveitados, pessoas diferentes que eu continuo a ser louca. Não me escondo, pois sei que o mundo um dia verá o meu talento. Deus, livrai-me dos normais; os que são monótonos e que não vivem a vida. Loucura para mim é simplesmente ser eu mesma.

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Pauta para Sílaba Tônica, 2 ªedição frase de livro. Tema: Frase em negrito.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O refúgio das minhas respostas



Hoje eu chorei, um choro alto cheio de soluços. Uma decepção fez meu coração apertar, mesmo sorrindo para não demonstrar, eu chorei; meu coração chorou. Hoje me senti só, gelada, quebrada. Nunca ninguém vai sentir isso, pois minha alma chora junto, e essa dor é só minha.
O sangue que percorre as minhas veias sente falta de calor; calor humano. Talvez eu seja feita para viver sozinha, mas a cada percorrida de olhares eu me afundo na solidão. Esta tal solidão que se tornou minha amiga é muito ciumenta, não há fundamentos, apenas dor.
Eu sinto falta dos meus amigos, mesmo rodeada de pessoas, aquela me falta. Talvez eu escreva uma carta, talvez ele não me responda. Eu tenho medo, medo de perder quem eu amo, medo de crescer, medo de ser líder, medo de me abrir. Eu tenho medo de ser eu mesma.
A solidão é só mais uma desculpa onde eu me escondo, talvez ela já tenha virado um muro o qual esconde a minha visão. Hoje eu resolvi não chorar mais, mesmo que eu me sinta sozinha sempre haverá alguém do meu lado, nem que seja a própria solidão.
Eu olho para tudo que conquistei e choro, de verdade; lágrimas percorrem o meu rosto neste dia frio em que me encontro. É por tudo que conquistei que quero seguir em frente, a solidão é só mais um sentimento dos vários que tenho. Quando me fecho, a solidão me abraça, toma conta de mim, e é nela que eu encontro as respostas para todos os meus fins.

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P.S. É na solidão que eu escrevo os meus textos, pois as pessoas mais profundas são aquelas que gostam de estar sozinhas. A solidão não é minha prisão, mais sim o meu refúgio, onde eu encontro todas as respostas das questões que me pergunto. Este texto foi tão profundo para mim que a verdade é que eu chorei escrevendo-o, os calafrios tomaram conta de mim, e a solidão me ajudou, mais uma vez, a ser tão profunda quanto o poço da liberdade.

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Pauta para Blogueando, 34º edição. Tema: Solidão.
Pauta para OPEP, 1ªedição in colors. Tema: Livre.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Três


   A história que contarei será curta e muito bonita, desculpe-me se eu errar em algum detalhe, já faz algum tempo desde que vi o casal com o amor mais lindo já conhecido. Eu estava viajando para a Califórnia quando vi o tal casal, a menina deitada nas pernas no rapaz sentado. Eles se entreolhavam e sorriam a cada carinho feito pelo garoto, encostei o carro e admirei-os.
   Pelo que pude ouvir eles falavam de várias coisas: da paisagem, dos estudos, do amor, da roupa da menina, do carinho fofo de garoto e como o banco era desconfortável. Uma hora o garoto fechou o rosto e uma lágrima caiu, fiquei confusa, pois não sabia o que havia ocorrido.
   A garota puxou a mão dele para a sua barriga e ele sorriu, eu pude ouvir o que diziam:
   -Espero que seja um garoto.
   -E eu tão bonito quanto o pai.
   Eles sorriram a se beijaram, em uma doçura que não consigo descrever. Pude tirar uma foto do momento, da descoberta que eles não seriam mais dois, mas sim três no futuro. Eles seriam uma família linda e cheia de amor, pelo que pude constatar.
   Eles eram jovens e agora, depois de nove anos que tirei esta foto, conto para a minha filha como o amor pode ser simples, mas ao mesmo tempo tão especial entre duas pessoas.

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Pauta para Onde as palavras se sobrepõem, 5ª edição. Tema: A foto do texto.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cuidado, timidez à solta


   Você está andando tranquilamente e de repente sente algo tocar o seu braço, quando se vira o rosto começa a queimar, ou mesmo quando alguém te chama de longe. Estão todos reunidos com suas rodas de amizade e alguém pede para você vir e conhecer todos os novos amigos; amigos que você nunca mais verá novamente e talvez, pague um mico na frente de todos.
   A sua mãe te pede para ir comprar alguma coisa, na farmácia, na padaria ou ali na esquina. Sempre que você está indo, alguém conhecido esbarra em você, ou aquele gatinho com quem você não consegue abrir a boca. Você sai correndo ou cora, literalmente você vira um pimentão.
   O professor te chama para ir à frente de todos e responder aquela bendita pergunta que ninguém fez, e a sua resposta está monstruosa de grande, e todos vão fazer cara de sono quando você lê. A leitura começa e o papel esconde o rosto envergonhado enquanto o professor chama atenção de um garoto que está jogando aviões de papel na sala.
   Quando um tímido fala ou paga um mico isso fica guardado na história, na sua história. A timidez pode ser um processo rápido ou muito demorado, mas há quem goste do charme de um tímido. Nós tímidos temos algo que ninguém mais tem, e eu tenho em grande volume e massa: nossas bochechas coradas.
   Alguma hora a nossa vez vai chegar e vamos corar, mas isso faz parte da vida. Vamos corar por vergonha, por ansiedade, por felicidade, por ciúme ou por timidez. Talvez, se um dia você corar, não fique apreensiva com isso, corar é só mais uma forma de expressar os seus sentimentos, sem ter que falar. Como todos sabem, tímidos não são muito bons com conversas.

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Pauta para Blorkutando, 88ª edição. Tema: Vermelho de... Vergonha!

Em breve


A mãe remexia na bolsa, procurando algum vestígio ou alívio para o seu coração. Checou o fundo da bolsa e trouxe a tona uma caixa de cigarros vazia e outra pela metade. Sentiu seu corpo estremecer.
Bateu na porta do quarto da filha, que não atendeu. Bateu novamente e desta vez, empurrou-a tão violentamente que fez a filha retirar os fones de ouvido e assustada, pular da cama. A mãe jogou as caixas na cama e gritou:
-O que é isso?
-Eu não quero conversar sobre isso.
-Mas vai falar, eu não admito filha minha fumando!
-Você fala de mim, mas olha para você! Está sempre fumando pelos cantos, escondendo garrafas de bebidas no armário da cozinha. Você pensa que eu não vejo?
-Você era a minha menininha, inteligente e meia.
-Gente meiga não chega a lugar nenhum, eu mudei. Tudo para ser aceita na escola! As pessoas gozavam de mim!
Ela foi até o armário e abriu as gavetas, jogando caixas de cigarro na cama, roupas e jóias góticas e duas garrafas de bebida alcoólica. A mãe sentou na cama e olhou tudo aquilo, ficou sem palavras. A filha olhava a janela em silêncio. Elas se estranhavam mais a cada dia que conviviam na mesma casa.
-Você vai mudar, eu vou fazer alguma coisa. Você vai para o colégio interno.
-Já tomei minha decisão, e não a mudarei.
-Você não toma decisões! Você tem apenas quinze anos, é uma menina e eu não vou aceitar ordens na minha própria casa.
-Dane-se você, eu vou embora.
-Então eu quero você fora da minha casa em seis horas.
A mãe falou em tom de autoridade vendo a filha abaixar o olhar e retirar sua mala do fundo do armário. Em uma hora ela estava saindo pela porta dos fundos. A mãe estava vendo sua garotinha ir embora, ela chorou e gritou.
-Melanie!
Melanie largou a mala e voltou correndo. Abraçou a sua mãe que já estava no chão, as duas se envolveram em um abraço de mãe e filha. As lágrimas não puderam ser contidas, mas a mudança chegará; em breve.

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Pauta para Bloíquês, 18ª edição conto/história. Tema: Frase em negrito.
Pauta para O paraíso das palavras, 1ª edição. Tema: Frase em itálico.

A esperança da monotonia


   Diariamente a pressa me fazia invisível aos detalhes de onde moro. Os vultos dentro do carro e o pequeno feixe de luz que entra na janela da minha sala deprimiam-me. Eu estava em uma vida monótona e sem graça, eu era mais uma vítima da rapidez em que o mundo gira.
   O dia começou triste, e distante, como todos os outros. Motivei-me a não voltar para a rotina, mas acabei encontrando-me novamente no tédio. Olhei o feixe de luz que entrava pela minha janela e desci os cinco lances de escadas do prédio correndo.
   Atravessei a porta giratória e senti o ar puro, olhei as árvores e vi pessoas; todas em Paris. Corri para onde o vento me levasse, atravessei ruas com sinal aberto e dancei com o poste, logo eu estava onde eu nunca havia chegado perto. Dois anos de trabalho contínuo, sem família, namorado e amigos para interromper. Eu estava na Torre Eiffel.
   Admirei os seus longos arcos e a sua pintura, como as árvores davam um toque especial na paisagem. As flores sorriam para mim enquanto os orvalhos escorriam sobre suas pétalas. Senti no chão e encostei de leve minha cabeça no poste, admirando a linda visão enquanto lágrimas percorriam a minha face rosada.
   Alguém tocou em meu braço, fazendo-me acordar. Estava de noite e as luzes todas acesas, ele me olhou e perguntou:
   -Você está bem?
   -Estou mais que nunca. – Ele me olhou com os olhos verdes amendoados, pegou minha mão e me ajudou a levantar.
   -O que você está fazendo cochilando aqui?
   -Eu vim me libertar. – Sussurrei em tom de segredo.
   -Libertar de que? – Ele sussurrou de volta.
   -Da minha monótona vida de escritório.
   -Posso te contar uma história engraçada? – Fiz positivo com a cabeça. – Eu me livrei dela há três meses quando olhei para a Torre Eiffel enquanto dirigia. Até hoje gosto quando o sinal desta rua fecha e eu posso admirá-la.
   -Quer dançar comigo então? – Estendi minha mão para ele.
   -Claro senhorita.
   E dançamos ali mesmo, as luzes de Paris.

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Pauta para Bloínquês, 19 edição visual. Tema: Foto do texto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

100ª postagem!


   Pessoal, este é o 100º post do Wrieland *todos batem palmas*.
   Eu queria agradecer a todos que lêem o meu blog e que o seguem, isso é muito importante para mim. O contador de visitas também.
   Agora vamos chegar ao 200º post!