quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

E começamos tudo novamente...

...mas muito obrigada pelo ano maravilhoso que todos os leitores me proporcionaram. Foram vários textos e opiniões variadas, que com certeza me ajudaram a ser uma escritora melhor.


          Esta é a pergunta que devemos nos fazer: "O que 2011 vai trazer?" Aliás, estou muito feliz pois passei no concurso da CEFET. Tirei 90 na redação e tudo isso foi graças ao blog, que me ajudou a melhorar cada vez mais.

Então, eu só tenho a agradecer!


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Destino irônico


Nos apressamos cada vez mais querendo saber o que a vida nos reserva, pois então, direi-lhes que isto é um atraso. As coisas acontecem no seu ritmo, e para quem não acredita em destino, uma força maior decide qual a lição de cada dia. E na correria antes de um casamento, a noiva percebe, em um súbito esbarrar no buquê, que todos os dias serão felizes, até o destino se intrometer.


Pauta para Créativité, 3ª edição foto. Tema: livre.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aos velhinhos do Pólo Norte


Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2010.

                    Querido Papai Noel,

          Primeiramente, como vai a Mamãe Noel? Eu sei que ela deve estar muito atarefada te ajudando, mas queria que ela soubesse que é especial para mim, e está carta é referente aos dois. Estive pensando muito nesses dias sobre o que escrever a vocês, pois esta carta vai muito mais além de pedidos materiais para o meu próprio bem-estar.
          Uma coisa que não saía da minha cabeça e me fez pensar por vários dias foram as crianças pobres que estavam pedindo esmola para a minha mãe, quando fomos passear de carro. Aquilo me entristeceu profundamente e senti aqueles calafrios, como se alguém pusesse a mão sobre meu ombro e assoprasse algumas palavras vagas com sentido. Não ouvi palavras vagas, mas senti a dor no olhar daquelas crianças.
          Resolvi, então, não pedir algo para mim, pois já sou muito feliz com o que possuo. Tenho brinquedos e computador, moro em uma casa confortável e pertenço a uma família feliz. O que mais poderia pedir? Por isso esta carta vai dedicada às crianças que não têm como escrevê-la a vocês.
          Papai e Mamãe Noel, de natal eu quero que aquelas crianças que eu vi na rua pedindo esmolas tenham pelo menos um presente de natal. Espero que vocês entendam que eu não quero de nada, mas aquelas crianças sim, elas precisam acreditar que podem ser felizes.
          Enfim, eu não quero nada além disto. Feliz Natal para vocês e para o pessoal do Pólo Norte. E antes que eu me esqueça, eu quero dar-lhes o meu obrigada.

                                                  Muito obrigada,
                                                                   Fernanda.

Pauta para Blorkutando.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O paraíso dos dragões


          Hoje eu me lembro muito bem do que sonhei: com nuvens brancas destacadas em um céu azul, com quedas d’águas deslumbrantes e com um dragão. Ele só veio aparecer no final do meu sonho, mas foi o mais marcante, era preto. Alguns pontos eram dourados, como a ponta de sua cauda e o contorno de suas asas; elas eram acinzentadas, mas se encaixavam bem com o todo. Seus olhos, não pude esquecer deles, eram grandes e vermelhos.
          Dizem que os dragões são insociáveis, mas eu não acredito nisso. No meu sonho ele planava sobre a cachoeira e vinha ao meu encontro todas as vezes que me distraía com algo bobo, quando me virava ele sumia. Não sei onde se escondia, mas quando fechava os meus olhos, podia ouvir o som da sua respiração, o calor de suas narinas balançando o meu cabelo. E pela terceira vez, quando meu cabelo já estava quente, abri os meus olhos e pus a segurar seu focinho e encarar os seus olhos. Pergunto-me por que fiz aquilo, mas não me arrependo. Seus olhos vermelhos – como já disse anteriormente – ficaram pretos, e as minhas pequenas mãos brancas sobressaíam no negrume que era a sua pele.
          Ele não era um dragão comum, pelo menos eu achava que eles possuíam escamas por todo o corpo. Mas o seu focinho era liso, seus chifres pontudos e as suas asas poderiam protegê-lo todo, já que eram enormes – e quando digo enormes é porque eram gigantes. Não poderia haver animal mais bonito que aquele.
          E em um rápido movimento eu estava na sua corcunda, agarrada ao seu longo pescoço – que agora já era escamoso – voando sobre a bela paisagem abaixo. Quando batia as asas, podia sentir a força que realizava, e por poucos segundos ouvia o batimento de seu coração. Era lento, mesmo que estivéssemos voando mais rápido que qualquer coisa – não consigo imaginar algo mais rápido – seus batimentos não aumentavam, eram constantes.
          E quando voltamos ao chão e o deixei, seus olhos passaram a seres vermelhos, e fiquei os admirando por um longo tempo. Ele não se movia, sua respiração estava mais calma e seus olhos piscavam em sintonia com os meus. Sorri. Ele bateu a cauda e fez tudo estremecer, fazendo-me cair na água fria da cachoeira. Senti a água fria em contato com o meu corpo, mas não cheguei a tocar no fundo, pois sua cauda preta e dourada havia me segurado. Agradeci com o cabeça, e seus olhos que estavam pretos fitaram os meus. Naquele instante pude perceber que o meu toque fazia os seus olhos mudarem de cor, não sabia que reação eu proporcionava àquele dragão, mas achei que era boa, pois ele não fazia menção de me deixar ir.
          Fechei os meus olhos, quando os abri, ele não estava mais ali, mas eu continuava a ser sustentada por sua cauda. Subi pelo seu corpo e aos poucos ele foi se revelando, deixando-me impressionada. Ele não se escondia, apenas ficava invisível – como se isso fosse natural, mas em um sonho com dragões tudo é possível. Agora, já abraçada ao seu pescoço, não estava mais com frio, pois seu corpo era quente e a essa altura já estava seca. Ele bateu com a pata no chão, que possuía quatro dedos com garras afiadas enquanto as traseiras apenas três, ele me fitou e depois olhou para o horizonte. Em um súbito movimento estávamos voando mais uma vez, e quando vi o sol batendo em seus lindos olhos pretos, adormeci sobre o seu corpo, ainda sentindo os seus batimentos.
          Acordei sobre várias folhas verdes, e quando olhei para o alto, deparei-me com um grande carvalho que me proporcionava sombra; eu havia dormido sobre as folhas do meu jardim. O montinho de moveu e eu pulei, fazendo que as folhas voassem e revelassem quem estava escondido sobre elas. Era o meu pequeno beagle Dragão, e então lembrei do dragão dos meus sonhos, que possuía os mesmos olhos pretos do meu Dragão. Eu poderia acordar dessa maneira por toda a minha vida...


Pauta para Créativité, 2ª edição gênero-situação. Tema: Frase em negrito.

Selinhos!


Ganhei este selinho da Patrícia do Complicated Imperfect. Muito obrigada.

Os indicados:

Sonhos e Planos

Surtos Mode ON
É como o vento...

Este eu ganhei da Emily:


E este aqui da Babi:


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E para o selinho do meu blog, os indicados são:


Complicated Imperfect
A arte de um sorriso
Fragmentos
Jujubas e Elefantes Murchos

Como todo selinho, ele tem algumas regrinhas simples:

Qual a coisa (pessoa, objeto, lugar, o que você quiser) mais complexa que você já admirou?
Indique no mínimo um blog e no máximo quantos você quiser que te faz pensar quando lê os textos.
Diga-os para postar o selinho e seguir as instruções.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Imensidão azul

O lago não é da cor dos teus olhos, mas me lembra você.

          Sentou-se na poltrona azul que soltou um grande ruído, pois já era antiga, herdada de família. Olhou para a folha em branco, apoiou sua cabeça em uma das mãos e puxou alguns fios de cabelo. A cada cinco segundo ajeitava os óculos e olhava para a ofuscante luz que emanava de sua luminária azul. Abaixou-a e cerrou os olhos. Pensou sobre o que escrever até a sua mão ser queimada pelo calor da luminária.
          Levantou-se da poltrona e jogou as folhas para o ar, deitou-se no sofá e admirou sua cadela. A sua fiel escudeira não possuía mais de três palmos de largura, sendo a sua mão pequena, não mais de cinquenta centímetros. Era uma maltesa branca, que com o seu porte magnífico estava deitada com as patas todas voltadas para o seu interior, como se quisessem ser aquecidas, retirando uma única pata traseira que acompanhava as curvas do sofá.
          Suspirou e se levantou, recolhendo as folhas espalhadas pelo chão e se sentando novamente da poltrona barulhenta. Sua maltesa acompanhou os seus passos e repousou sobre os pequenos e aquecidos pés de Tamina, sua dona.
Passou os dedos nas folhas e rabiscou uma linha para o título. Deslizou o lápis até o parágrafo e escreveu um pequeno poema, já que estava sem inspiração para começar o seu novo livro. Ela era uma escritora de grande sucesso, com uma trilogia sensacional e seguidores ansiosos para o quarto livro, que a deixava noites sem dormir, pensando no enredo. Não era tão difícil escrever um livro, na opinião dela, mas para quem escreveu um poema sobre violetas, ela pensou ser mais que um desafio.
          Volte e meia ela olhava para o porta retrato ao lado da luminária: um rapaz alto, pouco malhado, olhos verdes, cabelos escuros e com um sorriso de canto amenizavam suas ideias. Sendo abraçada por ele estava Tamina: estatura mediana, magra, olhos castanhos-escuros, cabelo castanho-avermelhado e com um sorriso verdadeiro; era um casal que poderíamos chamar de bonito.
          “Com amor, Jeremy”, assim estava assinada a foto que foi tirada perto de um lago, imenso e azul. Ela sentia vontade de pular para dentro do porta retrato e nadar naquela imensidão com o seu namorado, sem ligar para o tempo e compromissos que atordoavam o relacionamento. Eles não se viam há três semanas, e isso fazia Tamina chorar, sozinha, no quarto à noite.
          Sua maltesa se levantou e latiu suavemente, a porta tinha sido fechada. Com o porta retrato na mão e o taco de hóquei do pai, levantou da poltrona que rangeu, ecoando o som por toda a sala. Andou até a porta da cozinha e gritou ao ouvir:
          - Tamina?
          Ela se virou e constatou quem havia aberto a porta. Alto, com cabelos negros e olhos verdes, lá estava Jeremy com toda sua imensidão, vestindo um casaco azul, o qual a fazia lembrar do lago.
          - Você voltou... – Disse, soltando o taco de hóquei.
          - Bem, você não retornou as minhas mensagens, então eu pensei vir aqui e ver se estava tudo bem.
          - Você vai ficar?
          - Claro! Você é minha namorada. Eu comprei isto para você.
          Estendeu a mão com uma pequena caixa, ela soltou o laço azul e puxou o papel de presente acinzentado. Lá estava, um porta retrato com bordas anis, contendo a foto do dia do lago.
          - Este foi o nosso último passeio antes de eu viajar, é muito importante para mim. – Ela estendeu o braço e entregou à ele o porta retrato da sua mesa, que continha a mesma foto. – Você tem um...
          Não deu tempo para ele terminar a frase, seus lábios já estavam juntos e não havia como se separarem, pelo menos na opinião dos dois. E assim ficaram por um bom tempo.
          A sua fonte de inspiração havia voltado, e mesmo que ela nunca tenha reparado, ele sempre foi o herói dos seus livros. A folha deixou de ser branca e parágrafos viciantes tomaram o seu lugar. No final todos ficaram felizes: Tamina com Jeremy, os seguidores da trilogia com o quarto livro, a folha com os seus devidos rabiscos e a maltesa com dois pares de pés quentes.



Pauta para Créativité, 1ª edição C&F. Tema: Começar e terminar o texto com a letra 's'.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Transilvânia

Transilvânia, 14 de agosto de 1469

                              Queridos pais,

          Esta é uma carta de despedida e explicação. Culpem-me por tudo, eu sou o único responsável pelos meus atos. Eu cometi um grande erro ontem à noite, precipitei-me e peço perdão, mas sei que isso é em vão. Estou escrevendo esta carta e vejo as escadas vermelhas, não acredito na atrocidade que eu cometi.
          Eu matei Isabella ontem à noite, aconteceu tão rápido que eu não tenho palavras suficientes para descrever o assassinato. Eu estava em meu caixão aberto -não sei a razão que o deixei aberto- e então ela veio me beijar, foi tão inesperado. Eu senti o calor percorrendo as minhas veias, senti o amor que ela passava para mim com aquele simples tocar de lábios. Puxei-a para o caixão e a beijei com mais intensidade, e quando pude perceber, estava com os meus dentes cravados em seu pescoço.
          Ela foi me dar um beijo de boa noite e eu a adormeci para sempre, quando percebi o que havia feito, o caixão virou e o sangue se espalhou pelo quarto, descendo as escadas para as quais olho agora. Ela está lá em cima, deitada no chão, sua palidez contrasta com o vermelho profundo de seu sangue, que jurei nunca beber. Ainda me lembro do dia em que casamos, nossa primeira noite juntos e o esforço que e fiz para não matá-la. Venho me controlando desde muito tempo, e agora, por um simples beijo inesperado, ela jaz no meu quarto, para sempre.
          Esta é uma carta de adeus. Mãe e pai, eu amo vocês mais do que tudo, e agora me despeço deste mundo cruel. É quase meio-dia, e o sol a esta hora é ótimo. Morrerei em paz e ficarei com a minha amada, seja aonde for.

                                                  Que vocês vivam eternamente,
                                                                      Diego Dantes.

Pauta para Bloínques, 20ª edição. Tema: Assassinato.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Writeland faz 1 ano!

Viva!

          Como estou feliz hoje, o meu querido blog faz um ano! Durante doze meses, fiz vários amigos e conquistei fãns, uma coisa que eu nunca imaginava que poderia acontecer. Os meus textos no início eram todos sem sentimentos, que eu escrevia para os concursos só por escrever, mas com o tempo eu aprendi a escrever o que eu sentia, e então fui subindo e subindo, até conquistar 106 seguidores, vários comentários e blogueiros que amam o meu blog! Obrigada por me manterem confiante, mesmo quando eu dei uma parada, eu amo escrever! E aqui está a minha primeira postagem e o meu primeiro texto.

Eu fiz alguns selos de 1 ano para o Writeland, espero que gostem.


















Eu também fiz um selinho para os blogs que eu mais gosto, que depois podem repassar.


Como todo selinho, ele tem algumas regrinhas simples:

Qual a coisa (pessoa, objeto, lugar, o que você quiser) mais complexa que você já admirou?
Indique no mínimo um blog e no máximo quantos você quiser que te faz pensar quando lê os textos.
Diga-os para postar o selinho e seguir as instruções.

Os blogs que eu indico são:
Stoupy;
Escafandro de Nuvens.

P.S.: Se quiserem, podem diminuir o tamanho do selinho.

1 ano!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Indesejada das gentes


   Ela cerrou os olhos calmamente, então os abriu em um passo de espanto, isto se repetiu por várias vezes enquanto a sua cabeça estava sobre o peito da mãe. Os batimentos de grande coração acalmavam a pequena e enchiam os seus minúsculos ouvidos com uma sinfonia. A mãe estava ali, ela se sentia protegida e não queria que este momento acabasse, por mais que pressentisse algo ruim se aproximando. E ela estava certa.
   Foi triste quando no dia seguinte não se ouvia mais o grande coração da mão ecoando, apenas o choro soava o alarme. O pai abriu a porta e a viu chorando, enquanto a mãe, parecendo estar em sono profundo, jazia na cama com o braço tocando o chão. Ele havia chegado tarde de trabalho e não queria acordar as suas meninas, se ele tivesse acordado, poderia ter visto que uma delas estava morrendo, calmamente. “Não foi dolorosa”, pensou a pequena, “mas para todos nós está sendo”.
   Do outro lado do lago que embelezava a paisagem vista da grande janela branca, em uma outra janela via-se uma senhora idosa sentada em sua cadeira. Lia com os beija-flores, encantados com as begônias que coloriam o parapeito da janela, seus olhos passeavam pelas páginas, encobertos com óculos de leitura. Seus olhos eram azuis, da cor do lago, e em apenas alguns instantes eles já não estavam mais passeando pelas páginas amareladas do livro. Quem olhasse da janela, pensaria que havia adormecido durante a leitura.
   Ninguém chorou, sua família estava longe e a sua morte foi tranquila, pelo o que parece. Foi até bonita, visto que os beija-flores deixavam as begônias no instante do seu último suspiro. Não houve dor, lágrimas, suplícios ou remorso, ela estava sozinha e assim permaneceu.
   Na cidade grande, onde os carros não param e os vultos preenchem as calçadas, uma delas estava vermelha. Um círculo se formou e nada se viu, tudo parou por um momento. Estava estirado no chão um homem de meia-idade, cabelos pretos com fios grisalhos; pálido, sem expressão, com os olhos fechados. Um tiro o acertou na cabeça, vindo de longe, sem curso. Não se conhecia a sua identidade, mas não morreu sozinho. Todos os que estavam ali presenciaram a sua morte, um círculo de desespero. Não foi uma morte bonita ou tranquila, dolorosa ou solitária, foi uma morte horrível e pública.
   A morte é iniludível. Ela pode afetar apenas uma pessoa, uma família, uma multidão. Ela pode ser bonita ou trágica; pode se tornar um final perfeito para um filme e para os outros, ou pode machucar quando contada. O fim é belo e incerto, depende de como você vê. Mesmo que a morte seja certa, que chegue para todos, teimamos em acreditar que existe algo maior, e estamos certos. Essa é a verdade, que quando a Indesejada chegar, não temeremos, pois sabemos que um outro fim nos espera, um fim incerto e curioso.

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!

-Manuel Bandeira-

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Consolo Sincero


Seu olhar era de desespero, foi a primeira coisa que notei ao vê-la entrando no bar arfando. Quando ousei levantar ela tocou em meu braço e pediu uma bebida, eu fiz o mesmo. Ela começou a falar com muita dificuldade depois de engolir uma taça inteira de uma vez só.
-Eu não sei como te falar isso, é tão duro.
-Não se preocupe, respire um pouco e depois fale.
-Eu transei com o Chase!
Eu fiquei paralisada, não tinha reação, meu rosto deveria estar com uma expressão bem engraçada. Logo fiz minha cara de reprovação, não tinha porque ela transar com o Chase, não havia motivo, ou talvez houvesse.
-Por que você fez isso?
-Eu estava bêbada e não sabia muito bem o que estava fazendo. Ele foi tão carinhoso e depois tão gentil que eu me deixei levar, desculpe-me Casey!
-Você não tem que se desculpar comigo, você tem que ir se desculpar com o seu lindo namorado que me pediu ajuda ontem para comprar uma aliança de noivado para você. É com ele, não comigo.
-Ele me pedirá em casamento? – Gaguejou ao perguntar.
-Claro! Ele é doido por você desde o Ensino Médio.
-O que eu faço? – Ela se levantou e me abraçou, estava tão angustiada que eu podia sentir.
-Diga a ele que foi uma despedida de solteira, ele te perdoará.
Suas lágrimas desceram e eu pude ouvir sua risada lacrimosa, eu sorri e garanti que tudo terminaria bem, e esta era a mais pura verdade.

Pauta para Bloínquês, 2ª edição. Tema: Sequência acima.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os dias mais felizes

Ele me perguntou qual fora o momento mais feliz da minha vida. Eu sorri sem entender e dei as costas, ele insistiu na pergunta. Eu sabia que ele não iria embora, então contei:
-O dia mais feliz da minha vida foi aquele que eu não parava de sorrir, eu estava repleta de energia positiva e ninguém conseguiria me por para baixo. Foi o dia em que eu não tive medo de ser quem eu sou, o dia em que eu não fingi ser outra pessoa para agradar alguém próximo. Esse dia eu pude respirar o ar e senti que meus pulmões explodiriam de tanta pureza, pude beijar todas as pessoas que conhecia e deixar um sorriso em cada rosto, pude jogar-me no chão e sentir o frio entrando pela minha pele sem medo. Foi neste dia em que beijei o meu primeiro namorado.
Ele pegou a minha mão e contou o dia mais feliz da vida dele:
-O dia mais feliz da minha vida foi aquele em que eu gritei para a escola toda o que eu pensava, o dia em que eu subi no palco e falei o que pensava de cada um, disse o que estava engasgado. Senti-me aliviado de não fingir para as pessoas que eu gostava delas, talvez por interesse ou pelo destino, que me pôs no caminho do infeliz. Neste dia eu pude dizer que tinha razão e sentir que eu estava certo, que ninguém tinha o direito de dizer o contrário, pois eu não mudaria nada! Foi neste dia em que comecei a escrever e dizer nas palavras o que penso das coisas ao meu redor, das estranhas pessoas com seus olhares fuziladores tentando entrar na sua mente. Nestas pequenas palavras que juntas, formam uma muralha de frases que são tão forte que mudam opiniões e conceitos. Os meus foram mudados e eu continuo a tentar mudar o mundo, não mudar o que as pessoas são, mas o que pensam sobre determinados assuntos.
Então eu percebi que na mais simples ação, como a de pegar a mão do seu namorado, ou na mais complexa, como mudar conceitos e juntar as pessoas, tudo está relacionado. Somos humanos e não vamos mudar sozinhos, sempre estamos em grupos, com as mesmas opiniões e significados para coisas mortas. Foram aqueles pequenos minutos que mudaram o meu conceito de ver as pessoas, e assim ele continua mudando. Surpreendo-me quando, com o meu próprio texto, eu mudo as minhas opiniões. Escrever é mais do que juntar palavras e formar significados, é se conhecer melhor a cada parágrafo, e apenas alguém que conhecer o real significado da escrita sabe por sentimento e se sentir feliz com cada frase. Nada vai me fazer mudar de idéia, estou certa disso.



Pauta para Bloínquês, 40ª edição. Tema: Frase em itálico.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Rastro brilhoso


   Ela pulou do cais, esparramou um pouco de água perto do seu sapato de festa. O par ficou ali, parado, era coberto de paetês e purpurina branca. Acabara de sair de uma festa à fantasia onde ganhou o título de rainha.
   Distraída como ela é, esqueceu do tempo com o seu namorado das águas tranquilas do cais. Sua irmã correu, e antes que pudesse chamar o seu nome olhou para os sapatos. Com muita cautela ela pôs os pequenos pés no par, admirando o quanto estava bonito, mesmo estando muito desproporcional.
   Andou um pouco, a purpurina se espalhou pelo cais; alinhou os sapatos e olhou ao longe. Ela queria correr, contar para a mãe que já tinha idade suficiente para sair e andar com os sapatos de salto alto. Não se importava com o tamanho, queria crescer e desejava profundamente ser tão bonita quanto a irmã mais velha.
   Ao olhar para a água, viu que a sua irmã subia as escadas de volta ao cais, e como se fossem seus, correu ao vento noturno deixando o rastro de purpurina.

Pauta para Mil Palavras, 32ª edição. Tema: Imagem.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O último pôr-do-sol


Penso que estou muito longe de ser entendida.
O barulho dos meus passos não se cessa,   
À medida que peço pelo silêncio.   

Os pesares que atormentam minha alma   
Não se comparam aos seus.   
Então, pego-me novamente tocando em seu nome.   

O vazio que preenche,   
O paradoxo que alimenta esperanças,   
Os olhos que se cerram esperando o pôr-do-sol.   

E quando o brilho me cega,   
Já não vejo mais a bela paisagem,   
E a luz da minha dúvida   
Enfraquece-se à medida com que eu ouço meus passos nas pedras da calçada.   

E o barulho me acompanha,   
Detestável, sem significado e propósito real,   
Apenas um distúrbio para os meus pensamentos.   

Sinto a ardência nas minhas narinas,   
O perfume suave que o vento carrega   
Com as ondas batendo nos meus calcanhares.   

Chuto e levanto a água,   
Não tenho mais paciência,   
Estou pensando em você.   

E é pela vista que agora já vejo,   
Sobre uma árvore que escalei,   
E penso em você ao olhar para o pequeno pedaço que ainda resta do sol.   

Não fico triste desta vez,   
Mesmo com as dúvidas que carrego.   
As dúvidas da sua partida.   

Foi realmente necessário?   
Tinha que me deixar?   
E o sol tão grandioso ao se pôr nas águas, acalma-me para os meus pensamentos.   

Você se foi, mas continua comigo,   
E você está em algum lugar melhor.   

Volto a escutar o insuportável barulho das pedras,   
E os meus pés ainda não tocam o chão,   
Percebo que não estou sozinha.   

E por motivos mais reais,   
Desço do meu refúgio e volto às pedras,   
E com o barulho que já não me incomoda mais, penso que a morte chega para todos.   

Viverei até o dia em meus olhos se cerrarão e nunca mais se abrirão,   
E lamentarei o dia em que não poderei ver a luz que cega a minha visão. 

Pauta para Bloínquês, 8ª edição. Tema: pôr-do-sol.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vozes pacificadoras


   Já era noite quando saí de casa e decidi ir ao cemitério. Ando escutando vozes, elas me dizem para seguir em frente e não olhar para trás. Eu não entendo a razão, mas o desconhecido vem me acompanhando desde muito tempo.
   Não é fácil para mim aceitar que os meus pais se foram, que meus amigos passaram a me ignorar, que sou uma bolsista no colégio e que ouço vozes ao entardecer. Os que eu chamava de amigos passam diante de mim e se mostram superiores, com suas roupas da moda e seu palavreado inteligente. As vozes não me abandonam, elas estão aqui comigo, orientando-me para o caminho certo, para a liberdade.
   Noite estranha foi a passada, eles ainda não tinham me visitado, então chorei. Foi um choro de gritos e soluços, foi um choro pior do que no enterro dos meus próprios pais. Percebi que eu dependia deles, do consolo que me davam, da esperança de um novo dia. Não quero depender de ninguém, mas agora eles fazem parte de mim.
   O entardecer está chegando, não vejo a hora de ouvi-los em meus pensamentos, sentir que falta muito pouco para libertar-me. Tenho dúvidas sobre de que eu estou fugindo, pois é isso que me parece. Esses anos eu tenho me confessado a seres estranhos que eu nem sei o que são, mas eu confio neles, cegamente.
   Eles chegaram. Rondam o meu quarto sem pedirem licença, mas são como amigos de infância. Eles me dizem para não ter medo, que os próximos dias serão o meu juízo final, e que serei julgada por um ser muito maior que eu. Não acredito em Deus, e eles não querem que eu acredite, eles só me fazem refletir sobre o que realmente eu quero e preciso neste momento.
   Ouço um grito, longe e desesperador. Meu coração pulsa, sinto-me aflita e nem sei quem está em apuros. Vejo um menino pela janela, não muito novo, na idade em que eu largava as bonecas. Ele corre entre as árvores e grita pelos pais, e como um raio de luz ele desaparece em frente aos meus olhos. Não vejo mais as pegadas no quintal, não ouço mais os gritos e não sinto a presença das vozes. Adormeço.
   O sol cega a minha visão, e a janela está meio aberta. A brisa do outono enche os meus ouvidos e eu posso ouvir o canto dos pássaros, e hoje já o admiro. Um sorriso surge em meu rosto, questiono-me sobre a noite passada e não me lembro de nada, absolutamente nada. As escadas rangem com os meus passos pesados, e sem pensar, abro a porta da frente e me jogo na grama a rolar. Estou feliz, completa.
   Não estou interessada em preocupar-me com o colégio, meu bom dia está mais espontâneo a cada pessoa que cumprimento na rua. O som do sinal preenche os meus sentidos, e como de clichê nunca ocorrido em minha vida antes, Kaio derruba todos os meus livros no chão. Ouço vagamente a voz que me diz:
   - Seja feliz, Julie.
   E sem mais delongas, apresento-me ao gentil garoto que me ajudava a recolher os livros espalhados pelo chão. E indo em direção à sala, ele me convida para um almoço juntos, e em meus profundos pensamentos eu estou dizendo a ‘eles’: “obrigada”!
Pauta para In verbis, 14ª edição. Tema: Frase em itálico.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Linhas tortas da minha fixação


2 de agosto de 2010, Rio de Janeiro.

   Espero aprender com os meus erros, pois há muito tempo deixei de acertar. Há muito tempo deixei de compor e tocar o violão, pois tudo me lembra você. Levantarei a mão quando for necessário separar os culpados dos inocentes, e novamente estarei do outro lado, sem você.
   Quando aquele avião partiu, seu coração estava repartido, e sou eu a dona do martelo. Tenho culpa de ser ciumenta, possessiva, desconfiada e sarcástica; mas você não me deu tento para mostrar o meu lado humano. É uma surpresa eu estar comentando sobre isso, mas eu não sou de palavras, minhas músicas falam por mim, e mais que eu queira falar o que eu sinto, não consigo.
   Tentei fazer uma música para você, mas a minha mão estava anestesiada pelas lágrimas que desciam pelo meu rosto ao lembrar da sua face sorrindo para mim. Aquele sorriso encantador, o qual eu nunca elogiei, mas agora realizo o ato. Muitas coisas eu não falei e gostaria de mencionar aqui: seu cabelo é o mais lindo que eu já vi, sua voz dava-me cala-frios e o seu abraço não poderia ser mais quente e aconchegante. Você me tratava como uma princesa, enquanto eu não demonstrava carinho algum por você.
   Eu não demonstrava, mas sentia, bem no fundo que tudo aquilo era amor. Passei algumas semanas olhando para o violão na parede, aquele que você me deu com a dedicatória mais linda do mundo: “não olhe ainda, mas eu estou sorrindo por trás de você só por saber que sempre tocará pensando em mim”. Você estava certo, eu não paro de pensar em você.
   Resolvi tocá-lo, algumas simples notas formando acordes suaves; e então eu compus alguns singelos versos sobre você. Tenho medo de colocá-los aqui, eles são tão profundos, não parecem que foram escritos por mim.
   Sabe Tom, você me faz uma pessoa melhor, uma que tem sentimentos a serem compartilhados e sente saudades. Eu sinto tanto a sua falta, por favor, volta. Eu prometo ser uma pessoa melhor, prometo concertar os meus erros, e o principal deles é me desculpar com você. Desculpe-me pelos ataques de ciúmes, pela falta de carinho e pelos beijos gélidos que você recebeu.
   Eu não sou perfeita Tom, mas eu estava ultrapassando a imperfeição natural, eu já estava impura. Então eu termino esta carta implorando pelo seu perdão, e dizendo que ainda te amo, mais do que nunca.

   "Você não tem culpa
   De eu ser assim
   Então eu me desculpo
   Pelos tempos ruins
   Peço demais
   Quando preciso do seu perdão
   Volte atrás
   Pegue aquele avião

   Dentro dos seus olhos
   Eu preciso ver
   A verdade que falta
   Para eu crer
   Que eu sinto
   Que não é mais um sonho
   O qual estou dormindo
   Mas sim amando

   E nessas linhas tortas
   Nas quais eu escrevo
   Tenho que dizer
   Perdoe o medo
   Mas eu mudei
   Consertei os meus erros
   E agora eu posso te falar
   Que eu te amo mais do que só palavras".


                                                                  Fernanda Pessanha.

Pauta para Bloínques, edição. Tema: Imagem.
Pauta para Blogueando, edição. Tema: Erros.
Pauta para In verbis, edição. Tema: Frase em negrito.

sábado, 21 de agosto de 2010

A impunidade é a mãe de todos os crimes


   As nossas cicatrizes têm o poder de nos recordar que o passado foi real, mas é difícil dizer se aprendemos a lição. Também é difícil dizer qual foi o erro que cometemos para sermos punidos, e sim, sempre culpamos os outros por nossas ações, algumas pensadas e outras simplesmente realizadas. Mas não é difícil dizer –para si mesmo- quando está errado.
   É pelo medo que nos consome que não conseguimos impor a nossa culpa, mas é pela impunidade que realizamos tudo o que nos arrependemos. A impunidade é a mãe de todos os crimes, quando sabemos que não seremos punidos, realizamos ações que temos a clareza que serão ruins.
   Quando atestamos a inocência, na maioria das vezes, é porque temos medo de ser punidos. Vemos a violência sendo praticada em todo o lugar e a razão para tudo isso nunca foi muito bem desenvolvida em uma tese. Então eu vou dizer: a violência é sempre praticada quando pensamos que tudo ficará no escuro, não temos medo de machucar o outro, pois o que ele pode fazer? Tudo o que é praticado aos olhos dos outros é apenas esquecido pelos espectadores, ninguém quer ser testemunha, correr riscos. É por isso que a violência cresce cada vez mais, ninguém tem mais a coragem de denunciar, e eu posso dizer que nem eu; quantas vezes fiquei com medo de acontecer alguma coisa comigo ou com a minha família. Prezamos o nosso bem estar -e em um ângulo isto está certo-, mas o bem estar do outro que está sendo violentado está reprimindo-se.
   Restam-se pegadas estranhas nas ruas, sapatos vazios e a sombra do medo, o grito que escoa pelos becos e fazem todos fecharem os seus olhos. Temos medo de dizer: isso não acontece só com o outro, você pode morrer! E não escondemos a palavra que tanto nos aterroriza: “morrer”. Os mais corajosos, que não tem medo da morte, quando se vêem face a face com ela, rendem-se.
   Não pensamos quantos sapatos vazios foram deixados pelas ruas da impunidade, quantas sombras ainda vagarão por este mundo cometendo atrocidades com almas inocentes, e outra culpadas. Não deveríamos desejar o mal a ninguém, não deveríamos sentir a vingança correndo pelos nossos pulsos, não deveríamos ter seguido o conselho da cobra para comer a fruta proibida.
   Nossos erros vêm de muito longe, e pensamos que eles não podem ser concertados, e estamos certos. As almas que foram tomadas não podem voltar aos seus corpos, as lágrimas derramadas pelas famílias não podem retroceder. Nós temos escolhas, e aqueles que acreditam no contrário estão escolhendo, possuímos a escolha de não escolher, a escolha de ignorar, a escolha de seguir em frente e a escolha de mudar. Enfim, depois de todas as ruas estarem limpas com a chuva que caiu, eu pergunto: qual é a sua escolha?
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Pauta para Palavras Mil, edição. Tema: imagem.
Pauta para OUAT, edição. Tema: frase em negrito.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Somos todos iguais, mas ainda não sabemos


   Eu observo as pessoas, seus pensamentos embaralhados e as suas visões sobre o mundo. Pessoas alegres, outras apressadas, algumas apaixonadas, mas as que realmente me intrigam são as silenciosas. Os pensamentos que se pode ter no silêncio são exóticos, e muitas vezes simpáticos para quem os pensa. Diante de todo o silêncio, pergunto-me se ainda posso observar as pessoas e escrever sobre elas. O mais interessante na escrita é quando escrevemos sobre algo que gostamos; se eu estou totalmente entretida nos pensamentos de um silencioso, como posso escrever sobre ele?
   O silêncio não quebra a alma, ele fortalece as expectativas de realizar uma meta. O silêncio se destaca entre os outros e a pureza da mente atrai olhares, mesmo que os pensamentos não possam ser decodificados. Um dia, perguntei a um silencioso como é viver assim.Ele me olhou e não respondeu, retornei a perguntar e, calmamente, ele me falou:
   -Eu experimento de tudo.
   Questionei-me sobre a sua resposta, um tanto esquisita. Ele piscou e retornou a falar:
   -Pessoas eufóricas não experimentam de tudo, pessoas alegres não sabem o que é dor, pessoas tristes vivem no seu próprio mundo. É no silêncio que eu penso.
   -Então, se é isso, não seria melhor que todos nós vivêssemos no silêncio?
   -Não. Eu vivo no silêncio, e é por isso que sou procurado. Se todos fossem silenciosos, o mundo seria homogêneo. As pessoas não se questionariam e todos seriam irrelevantes aos outros. Como as pessoas são diferentes e pensam de uma forma totalmente desigual, eu posso guardar os meus pensamentos elaborados para mim, e os dividir quando alguém diferente vir se questionar sobre os variados modos de pensar. Não sou egoísta, como pode ver, mas devemos sempre repensar antes de agir e falar. Passo grande parte do meu tempo pensando, não por ser introvertido, mas porque eu necessito disto. Para mim, se encontrarmos pelo menos uma resposta para a pergunta que tanto nos atormenta, seríamos pessoas melhores. Como hoje em dia as pessoas não estão dispostas a sacrificar momentos do seu dia para pensar, elas não são tão interessantes para observar quanto eu. Você se pergunta por que eu vivo no silêncio, mas eu não sou assim sempre. Eu tenho uma família e amigos, eu só separo uma parte do meu dia para refletir, e é neste momento em que você me observa. Lembra-se da sua pergunta: por que eu observo as pessoas? Você as observa porque precisa. É instintivo, é da sua natureza querer explorar o outro para melhor se conhecer. É assim que você se define, minha cara colega; quando se conhecem as pessoas, você passa a se conhecer; não por comparação, mas por apenas saber refletir sobre o que você realmente procura. Você sabe o que procura?
   Então ficamos em silêncio, um olhando para o outro. Eu realmente não sabia o que procurava, eu me isolava nos pensamentos de estranhos e nunca tive tempo para os meus. Passei tanto tempo da minha vida pensando nos outros, as suas visões sobre mim e a razão dos altos e baixos com as pessoas. Nunca tive muito tempo para olhar no espelho e ver quem realmente eu sou, e depois de tanto tempo não consigo mais me identificar. Eu sou o que os outros querem que eu seja. Não mais.

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Olá galere! Eu sumi por uns tempos, eu sei, estava mudando de casa e sem inspiração para escrever. Como estava sem computador, tive que escrever meus textos a mão, por isso demorou um pouquinho, pois sou muito lerda para passar do caderno para o computador. Mas aí está um texto novinho em folha! E sejam bem-vindos de volta ao Writeland!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Eu só quero chocolate...


...só quero chocolate, não adianta vir com guaraná pra mim, é chocolate que eu quero beber. (Marisa Monte-Chocolate)

Foto para Bloínquês, 14ª edição fotográfica. Tema: Guloseimas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Arthur Hastings

Londres, 12 de junho de 1986.

            Querido Hastings,

   Desde que nos encontramos no trem em direção a Londres, não me esqueço do seu rosto. Pálido, meio assustado eu sei, mas muito expressivo quanto a minha atitude naquele momento. As palavras que soltei ao vento pela janela do trem no banco ao seu lado foram apenas para chamar sua atenção; e eu a consegui.
   A noite que passamos juntos, depois o vinho branco chileno e suas histórias como detetive me fascinara. Ainda me recordo de seus lábios, movendo-se com extrema rapidez e delicadeza, com as palavras bem colocadas sobre um assassinato no campo de golfe.
   Nossos beijos bem dados entre os goles do vinho são inesquecíveis. Todas as vezes que passo a mão sobre a minha coxa, alvo de mordidas escandalosas, sinto um fervor prazeroso. Estou escrevendo sobre essas linhas com a mão trêmula só de pensar em você. Não imagina o estrago que me causou ao convidar-me para uma noite.
   Eu penso se você ainda se recorda de mim. Penso se você rola na cama a pensar nos movimentos sensuais que fizemos no chão do quarto, o vinho derramado no tapete e os gritos alarmantes que ecoavam pelas paredes. Você me possuiu como ninguém.
   Querido, se você recebeu esta carta, escreva-me. Conte-me mais sobre os seus curiosos casos de detetive, suas jornadas em busca de pistas e as sensações captadas durante suas viagens. Eu quero ser informada sobre tudo, desejo ser entretida com fatos reveladores vindos de você.
   Desejo profundamente sua presença. Meus pensamentos não seguem mais uma diretriz, eles só querem você. Desejo seu calor, suas mãos, seus lábios percorrendo cada linha do meu corpo.
   Meu amor, eu te espero. Não necessito de nada além de você. Quero o teu amor, quero você comigo e todos os momentos que passamos juntos. Estou agora de olhos fechados, sentido o seu beijo de despedida ao me deixar partir naquele trem. Eu sei que aquela não foi a nossa última vez. Por favor, responda a minha carta, eu te imploro.

                                                   Beijos carinhosos,
                                                                        Cinderela.



Pauta para Bloínquês, 3ª edição. Tema: Sedução.

Lulu e as flores do meu jardim




Fotografia para Bloínquês, 13ª edição fotográfica. Tema: Flores
Fotografia para OPEP, edição câmera em ação. Tema:Animais de estimação.


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domingo, 18 de julho de 2010

Meu coração é o mesmo

   Os tempos mudaram, principalmente para mim. Em alguns dias eu mudarei de casa, mobilharei o meu quarto e deixarei lembranças para trás. Talvez, essa transição, me transforme em uma pessoa melhor do que eu sou agora.
   É difícil se desfazer de objetos antigos com valores muito significativos, sair da casa onde morei meus catorze anos vividos. É difícil dizer adeus para a visão do meu quarto e o vento que sempre me deu inspiração.
   Eu quero chorar, eu não quero me despedir do meu passado assim, eu quero continuar onde estou. Posso ter ares de mudança, parecer que sou uma pessoa que adora coisas novas; mas todos nós tememos o que não conhecemos.
   O meu maior medo não é o de ir embora, é que eu perca a minha sensibilidade de escrita. A minha casa sempre foi o meu refúgio, onde eu tinha inspiração e que minhas melhores ideias eram aperfeiçoadas.
   Talvez eu chore em algumas noites, mas eu sei que é tempo de recomeçar, de refazer e reavaliar. Quando o meu coração já estiver na metade do caminho eu vou me lembrar de tudo o que passei na minha casa. Então eu virei a ela para respirar o vento da minha inspiração e lembrarei: as coisas mudam, e não é só porque elas mudaram que você tem que ser diferente.




Pauta para Bloínquês, 25ª edição. Tema: Frase em negrito.

sábado, 17 de julho de 2010

Janela de vinil


   Ela olhava imóvel para o teto branco, parecia estar congelada no tempo. Ouviu estalos na janela e seus movimentos foram tão rápidos que uma pedrinha quase a atingiu, batendo na cama e pulando.
   - Rapunzel, jogue suas tranças! – Brincava o rapaz na calçada, com um punhado de pedrinhas na mão esquerda enquanto protegia os olhos do sol com a direita. – Você não vai jogar; Rapunzel?
   - Como seria bom se eu tivesse tranças tão compridas neste momento. – Ela suspirava enquanto apoiava seu cotovelo na janela. – Estou tão feliz em te ver.
   - Como não estaria? Faz três dias que não me vê! Estou com saudades da minha namorada.
   Ela o olhou com um ar triste, fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente.
   - Eu estou de castigo. – Ele arregalou tanto os olhos que teve que se virar de costas para o sol.
   - Mas menininhas de oito anos ficam de castigo, você tem o quê? Dezoito anos? – Ele mexeu com os dedos como quem fazia contas.
   - Pode diminuir dez anos na minha idade; parece que a minha mãe não se importa com isso.
   - Amélia, por favor. Você tem que descer!
   - Como? Você quer que eu pule da janela? – Ele deu um sorriso de lado. – A não! Não vem que não tem!
   - Por favor, por favor! – Ele se ajoelhou e implorou. – Eu te pego aqui em baixo.
   - Eu vou tentar; por você!
   Ela olhou a altura repetidamente; apoiou as mãos na janela, respirou fundo e passou a perna esquerda. Balançou a mão para o namorado que sorriu, com os braços abertos para segurá-la. Ela passou a perna direita, se fixando no telhado. Seu pé escorregou. Desceu tão rápido que nem conseguiu gritar, quando abriu os olhos estava deixada sobre Tom.
   - Tom, você está bem?
   - Acho que quebrei uma perna. Mas com um beijinho sara.
   Ela se aproximou e o beijou. Na testa, depois nas bochechas e lhe deu um beijo doce nos lábios. Ele suspirou com os olhos ainda fechados.
   - Acho que você deveria morar em uma casa com janelas mais baixas.
   - Eu vou falar isso com a minha mãe na volta!
   Eles sorriram, e ainda no chão, beijaram-se novamente.

Pauta para How Deal, 2ª edição. Tema: Imagem do texto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O meu sol

Eu quero a verdade, quero que ela seja pronunciada em alto e bom tom. As pessoas escondidas atrás de máscaras não conhecem o sentido da verdade. As palavras podem ser usadas de várias maneiras, mas sempre haverá verdades escondidas nas entrelinhas.
Eu quero que o céu desabe, em uma chuva sem fim. Que as nuvens escureçam e façam o sol implorar para brilhar. Eu não desejo que a verdade seja um fardo, eu quero o impossível, aquilo que paramos para contemplar e perceber que nada importa, além de ser verdadeiro com você mesmo. A verdade é uma coisa bela e terrível, por isso deve ser tratada com grande cautela.
O tempo faz as pessoas se afogarem em suas próprias mentiras, faz a morte acontecer e as lágrimas rolarem. Sinto o tremor do chão que não se move, o mesmo chão que um dia esparramou as lágrimas que derramei. Todos sentem medo da verdade.
A morte é um momento instantâneo de sua passagem para outra realidade, a verdade fica presa, amarga. Ela sufoca e pressiona todos os sentimentos, ela causa uma reviravolta onde as mentiras são aprofundadas e seu ser morre a cada segundo.
A verdade está nos os olhos de quem sente. A imensidão do mundo em que vivemos suporta imensas mentiras que matam, mas continuamos respirando. Talvez uma grande parte do mundo não sinta, tenha perdido os sentidos pelo caminho da maldade. Eu só tenho uma certeza, que me atormenta muitas vezes ao dia e que me faz escrever o que não vem da minha cabeça; mas sim do coração: eu sinto.



Pauta para Once Upon a Time, 53ª edição. Tema: Frase em negrito.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Detalhes

   Você está na sala de aula e tudo começa a girar ao seu redor. Você olha o quadro verde e percebe que a velocidade da luz é infinita e invisível aos olhos, e que talvez, as dimensões paralelas não estejam tão longe de você.
   Um simples movimento com os dedos na parede colorida faz despertar uma idéia. Suas pupilas dilatam e você para de respirar por alguns segundos. Então seus dedos deslizam pela parede a fazer movimentos nunca imaginados.
   Estrelas cadentes, planetas, meteoros se colidindo e estrelas explodindo para gerar uma nova galáxia. A imaginação percorre todo o pequeno espaço que se utiliza da parede.
   Parece não ser real quando se percebe que nada está marcado. Todos estão na sala, olhando para seus respectivos materiais, e a parede continua ali, intacta. Então você volta sua mente para a realidade, e a sua pupila dilata novamente quando tudo vem à tona.
   O papel rabiscado é a comprovação disso, pelo simples fato de ter uma imaginação fértil.

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P.S.Texto escrito enquanto fazia a prova de história, ontem. Eu estava muita atenta na parede para perceber que mais uma vez minha pupila havia dilatado. Foi nisso que deu!

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Pauta para OPEP, edição In colors. Tema: livre!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Adeus não é o suficiente


   Quando abri meus olhos, deparei-me com o meu maior medo: o escuro. Meus olhos estavam vendados, mas eu sabia que estava em uma pequena sala, talvez um armário. A minha respiração estava quente e a cada suspiro meu fazia um eco soar.
   Reorganizei os fatos em minha cabeça, pelo menos tentei. Não me lembrava de nada do que tinha ocorrido, até sentir uma forte pontada na cabeça e algo escorrendo no meu rosto; eu estava sangrando. Meu coração acelerou e pensei nas piores coisas, mas eu não conseguia me manter acordada, estava latejando muito. Eu adormeci num sono dolorido.
   Acordei a gritos, escutava vidros quebrando, batidas nas mesas e cadeiras sendo arrastadas. Sentia a vibração no pequeno armário de pisadas fortes subindo as escadas, pensei em fingir que ainda estava desmaiada da noite anterior, mas a porta me manteve acordada.
   Recebi uma batida na cabeça, e pelo peso pude perceber que era a porta. Senti o ar frio entrar e a presença de alguém, mas não ouvi vozes, tudo se calou. Pela venda que cobria os meus olhos, percebi que já estava de manhã. Ele puxou o meu braço e me levantou, meio desengonçada pela pancada na cabeça. Colocou-me nos ombros e desceu as escadas que pareciam não ter fim. Ouvi uma voz conhecida e meu coração acelerou, tentei falar:
   - Mãe?
   O silêncio foi profundo no cômodo onde estávamos, ninguém estava falando mesmo, mas o vento parou de assoviar e as folhas não se encontravam mais para dar um fundo de natureza; eu só ouvia o som do meu coração batendo. Ela me tocou, sei disso pela suave mão que me acariciava todas as noites depois das histórias de dormir. Ela respirou fundo, senti que queria chorar, engoliu seco. O homem me pôs no chão e falou calmamente com ela:
   - Ela é inteligente, não?
   - Por que a minha filha, Dante?
   - Nossa filha, você quer dizer.
   Comecei a respirar muito rápido, estava sem fôlego. Pelo que eu sabia a voz do meu pai era diferente, e ele nunca me faria mal. Dante se virou e voltou o olhar para mim, pois ele me deu um chute na perna.
   - Não faça nenhuma besteira.
   - Dante, é a nossa filha, não a machuque!
   - Agora é nossa? Eu nunca vou perdoar você.
   - Dante, não!
   A minha mãe gritou, eu não podia fazer nada. Ouvi os passos na escada e o som da sua voz me deixando, ele estava levando-o. Alguns minutos depois ele desceu e me carregou. Jogou-me no canto do quarto e tirou minha venda, meu sangue escorria pela parede branca do quarto de minha mãe. Ela estava jogada na cama, desacordada.
   - Preste bem atenção nesta cena, grave-a na sua memória. É a última coisa que se lembrará de sua mãe.
   Eu não conseguia falar, ele subiu o vestido de minha mãe e acariciou suas pernas, volte e meia olhava para mim, se certificando se eu estava assistindo. Eu não queria ver o que ele faria com ela, pois eu sabia que não seria algo bom.
   - Ela não fica linda dormindo?
   Uma lágrima percorreu minha bochecha quando ele tirou a calcinha dela, olhou para mim e sorriu. Ele abaixou as calças e a estuprou na minha frente. Tentei fechar os olhos algumas vezes, mas quando ele percebia, parava a ação e me provocava com insultos a minha família. Quando ele se satisfez e parou o estupro, ele olhou diretamente em meus olhos.
   -Será que a filha é tão boa quanto a mãe?
   - Não, você não vai me tocar!
   - E quem vai me impedir?
   Eu gritei alto, o mais alto que pude. Ele me jogou na cama e foi me despindo, enquanto eu tentava me arrastar para fora. Ele segurou meus quadris e me olhou, seus olhos eram medonhos e eu não tinha mais escapatória. Ele me estuprou como fez com a minha mãe, várias e várias vezes. Eu havia perdido a minha virgindade. Ele parou e me olhou, tinha um olhar de glória.
   Quando as lágrimas escorreram, eu percebi a enorme poça de sangue na cama, do meu sangue. Eu gritei com toda a força das minhas cordas vocais pedindo ajuda. Meu sinal sumiu no ar, andou para longe e jamais encontrou ouvidos. A última coisa que vi foi o seu vulto antes de fechar os olhos e estremecer, esperando a morte.
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Pauta para Once Upon a Time, edição da gincana. Tema: Frase em negrito com terror psicológico.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um dia, elas não verão o céu


   Ás vezes eu paro para observar o comportamento das pessoas. Tento decodificar seus pensamentos os quais tenho certeza que são totalmente diferentes dos meus. Ás vezes me pego olhando o nada, o que me acalma.
   As luzes estão tão longe que nem ofuscam a minha visão, e eu ainda posso ver o céu. Céu esse, que não possuiu estrelas; pelo simples fato das luzes –as mesmas tão longe do meu alcance- ofuscarem os seus brilhos.
   Eu me sinto privilegiada por poder contemplar a visão da cidade, mas me sinto totalmente perdida sabendo que um dia nada disso existirá. Um dia as pessoas brigarão pelas coisas mais simples da vida, cometerão injustiças pelo seu próprio bem e destruirão bens em comum para sobreviver.
   Os prédios crescerão, as ruas ficarão estreitas, os carros disputarão espaço entre as minúsculas calçadas. As pessoas roubarão com mais normalidade, o índice de morte sobre poluição será a notícia dos jornais e o lixo consumirá toda a beleza que um dia existiu.
   As luzes se apagarão, e esta cidade virará ruínas. As estrelas brilharão, mas não haverá uma só alma para vê-las sorrindo. Talvez elas se sintam sós, talvez não. Talvez elas percebam que para brilhar foi necessário o extermínio da raça humana.
   E agora percebo, que a culpa não será delas; será só nossa. Aos poucos, nos mataremos por coisas banais, e logo depois por riquezas. O mundo ficará pequeno para tantas pessoas e os prédios tomarão conta do espaço.
   Antes de tudo acabar, já passando do ponto de equilíbrio e no final da geração; as poucas almas que sobreviverão serão esmagadas pela sua consciência, ao passar pelas estreitas ruas e só ver janelas vazias.
   Nas ruas não se verá mais a luz do sol, das janelas dos prédios não se verão às pessoas, do alto dos edifícios não se verão mais as estrelas. Um dia, nós não veremos mais o céu.

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P.S.: Eu acho que este foi o melhor texto que já escrevi, e sim, eu acho que a população vai crescer desenfreadamente e um dia, não haverá espaço para todos. Tive uma reflexão com o meu pai, onde há 44 anos só havia mato em Duque de Caxias. Hoje, cada vez mais prédios são construídos e não haverá ruas suficientes para todos os carros. O que eu quero dizer é que um dia -e ele não está muito longe- as pessoas não vão conseguir sair de casa e nem conviver consigo mesmas.

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Pauta para Bloínquês, 23ª edição. Tema: Foto do Texto.
Pauta para Sílaba Tônica, 5ª edição tema da semana. Tema: O futuro do planeta.

Você fez alguém feliz?


Hoje eu me perguntei: “o que você está sentindo?”. Eu penso que esta questão me fez refletir sobre muitos atos em toda a minha vida. Disseram-me uma vez que quando morremos, na cultura egípcia, no céu perguntam:
-Alguém fez você feliz? Você fez alguém feliz?
Talvez eu não consiga responder esta pergunta, mesmo com tantos anos vividos antes da minha morte. Então eu me questiono sobre as crianças, aquelas que procuram simplicidade na vida, e precisam que alguém as faça rir.
Eu me lembro dos palhaços, os mesmo que fazem a alegria das comemorações, retiram milagrosos sorrisos de uma criança e todo o dia é festa. Mas um dia, normal como qualquer outro, não haverá festa.
São essas pessoas, que fazem os outros sorrirem, que voltam a ser criança pelo próximo, que se tocam ao ver uma cena bonita e se questionam sobre o mundo; são essas pessoas as que têm muitos dias tristes.
Eu acho que nestes dias a vida para, eles param. Refletem sobre tudo e todos, se olham no espelho e reparam que envelheceram, e que a maquiagem já não esconde mais a tristeza. Então eles simplesmente sorriem, e percebem que a imagem refletida no espelho são os sorrisos, as lágrimas e as almas que eles fizeram acontecer.
Pessoas que espalham a alegria, como as palhaços, estão em todos os lugares. Nas casas, nos hospitais, nos orfanatos e no céu. Quando chega a hora da partida e as duas perguntas são feitas eu tenho a certeza da resposta:
-Você fez alguém feliz?
-Todos os que me viram e que se encantaram.
-Alguém fez você feliz?
-Os mesmos que se encantaram e me surpreenderam com um sorriso, o que me fazia querer ser eu mesmo todos os dias.

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Pauta para Mil Palvras, 17ª edição. Tema: Foto do texto.

Foto retirada do site Olhares

sexta-feira, 25 de junho de 2010

11ª Dimensão


   Eu vejo o meu reflexo na poça d’água formada pela chuva fina que caiu hoje de manhã. Penso em como deixei você escapar pelas minhas mãos, não fiz nada além de assistir a sua morte.
   A cada passo que dou minhas pernas tremem, talvez pelo frio ou pelo medo. Talvez esteja enlouquecendo por ver você a cada vez que olho para o escuro.
   Essa distância que nos separa me faz querer morrer para te encontrar. Eu deveria ter sumido, voltado para as minhas origens, mas você me fez querer ficar neste mundo.
   Eu era um anjo, um que caiu do céu para te ter, e depois desta prova de amor você desapareceu. Quando te encontrei, você estava caído, se afogando no seu próprio sangue. Não sei se morro ou se vivo, porque a vida me parou no instante que te encontrei.
   Eu chorei muito, lágrimas que antes eu não poderia derramar. Quis voar, voltar para o céu, mas eu não tinha mais asas. Então me lembrei de tudo o que você me disse nos seus sonhos.
   Eu sinto a sua falta todos os dias, mas sei que não estou sozinha. Quando as lembranças vão de encontro aos meus pensamentos, eu apenas repito a última frase que você me disse: “A vida não acaba quando se morre, ela apenas começa longe da realidade; e a sua realidade está muito longe da minha, novamente.”

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Pauta para Bloínquês, edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para OUAT, edição. Tema: Frase em itálico.



P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eu caí no buraco?


   Muitas vezes me perguntaram o porquê de eu gostar de Alice no País das Maravilhas, então eu respondo:
   - Ela não é uma menina indefesa, não é uma princesa delicada com todos os seus devaneios. Ela caiu em um buraco por uma simples curiosidade que eu admiro. Seu vestuário é simples, ela gosta de cantar e pintar, além de ser muito prestativa e alegre. Alice passa uma imagem que nenhum livro nunca me passou, ela me ensinou muitas coisas.
   Então me chamam de estranha por ter um gosto diferente, mas eu realmente acho que os melhores livros não são aqueles que falam sobre vampiros, seres mitológicos e amores proibidos ou melosos. Os melhores livros são aqueles que ensinam alguma coisa a nós.
   Lewis Carroll teve uma imaginação que eu não sei como descrever, que me fascinou e me entorpeceu com as suas palavras. Alice é uma menina normal, curiosa, com sentimentos reais; ela é inteligente, forte, segura e bonita. Eu me identifico com a Alice, mesmo tendo cabelo castanho.
   Eu não acredito em contos de fadas e em princesas, Alice é só mais uma garota normal que quebrou a monotonia dos livros que são feitos para adolescentes. Alice no País das Maravilhas me faz viajar para nunca mais querer voltar.

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Pauta para How Deal, 7ª edição. Tema: Qual o seu livro favorito?

P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Do you hear me?


   Palavras não bastam para descrever o que senti. Ela me olhou de um jeito puro, havia inocência nos seus olhos. Ela sorriu; suas bochechas apertaram os olhos negros e faziam seus óculos subirem, ao encontro da sobrancelha.
   Ela veio correndo, de abraçou, não disse nada. Passamos um bom tempo juntas. Ela enrolava os dedos nos meus cachos e sorria a cada vez que eles pulavam. Era uma diversão bonita, eu poderia ficar horas olhando, sem me movimentar.
   A professora fez um sinal e ela saiu dos meus braços. Foi para longe balançando a mão de um lado para o outro. Eu me encolhi, fechei a expressão e senti algo macio puxar o meu cacho. Era ela novamente. Ela fez alguns sinais enquanto eu tentava decifrá-la, a professora chegou perto de mim e cochichou: “Você não deve saber, mas ela é surda e muda”.
   Quando os meus pais disseram para mim que eu tinha uma irmã do outro lado do país, eu pensei que ela seria diferente, mas não do jeito que a conheci. Ela é inteligente, charmosa e muito ativa.
   E por incrível que pareça ela não me escuta, mas me entende como qualquer outra. Eu pensei, por leves minutos que aquele seria o pior dia de muitos vividos. Aquele foi o meu dia, o nosso dia. Foi o dia em que descobri que não é necessário ouvir nem falar para se comunicar; a linguagem do coração é a mais pura que existe. E eu tenho muita sorte de ter uma irmã assim.

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"Pauta para Projeto Entrelinhas, 2ª edição. Tema: Foto do texto."
"Pauta para In verbis, 3ª edição. Tema: Frase em negrito."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ears



Desenho para a 10ª edição fotográfica, Bloínquês. Tema: desenho.


P.S.: VOTEM EM MIM AQUI, POR FAVOR!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Você vai sorrir para mim no final?


   Vou te contar como tudo começou. Ele era como um irmão para mim, não havia maldade e segundas intenções nas nossas conversas. Falávamos de tudo, mas um dia alguma coisa me revirou o estômago quando ele falou de sua namorada Joana.
   Eu sabia que tinha alguma coisa errada, mas não consegui decifrar. Ele me abraçou quando acabou de contar a caso e me beijou na bochecha.
   -Eu te adoro! – Sorri sem entender nada, pois eu não havia escutado nem uma palavra.
   -Eu também! – Respondi em seguida.
   Ele se levantou e saiu pela porta, me deixando estatelada com aquele sentimento novo dentro de mim. Chorei, chorei muito depois de alguns dias quando vi Alex e Joana se beijando. Eu não entendia aquele sentimento até que ele me viu chorando.
   Arregalei os olhos ao ver que ele estava parado em frete ao banco com uma caixa na mão. Sequei o rosto e ele se sentou, levantando o meu rosto.
   -O que aconteceu?
   -Acho que estou apaixonada pelo meu melhor amigo.
   Ele me abraçou e eu pus as pernas sobre as deles, agarrando-o com força. Ele soltou uma leve risada enquanto eu ainda estava emburrada. Ele passou a mão pelo meu casaco e me aproximou dele, dando-me um beijo no rosto.
   -Eu também gosto de você, mas você não acha estranho melhores amigos namorando?
   -Não.
   E lhe dei um beijo, carinhoso; ele me apertou mais e esfregou seu nariz no meu, enquanto sorria. Olhou-me nos olhou e me deu outro beijo, mais forte, mais rápido, mais apaixonado. Eu sentia sua respiração enquanto seus lábios foram se separando dos meus.
   -Agora eu acho possível.
   Nossos lábios se juntaram novamente por mais alguns instantes e depois ficamos abraçados, no meio da praça, rindo da situação em que ele me pôs, pedindo-me em namoro. Nós nunca sabemos o que a vida nos reserva, pode ser surpresas boas ou ruins, mas vale apena arriscar. A vida é um trem. Suba a bordo.

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Pauta para Onde as palavras se sobrepõem, 6ª edição. Tema: Foto do texto.
Pauta para Sílaba Tônica, 6ª edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para In verbis, 6ª edição. Tema: Frase em Itálico.

Dois pontos de vista


   Eu sou assim, meio pirada e cheia de defeitos. Em alguns momentos eu quero me esconder da loucura do mundo e dos defeitos do meu ser. Eu quero me afundar nos lençóis, e não me pensar no amanhã, mas sou obrigada pela minha própria mente a olhar para o passado. Quando quero me esconder eu tiro os meus óculos.
   Tentamos melhorar a cada dia não para o nosso próprio bem estar, queremos ser melhores que os outros ou impressioná-los. Mudamos com o tempo para ficarmos parecidos com as outras pessoas, para não sermos diferentes.
   Quando tiro os meus óculos eu vejo tudo claro, manchas e poucos detalhes. Eu não vejo os rostos das pessoas e suas expressões, eu foco no que está ao meu alcance. Quando estou sem óculos eu não me preocupo com que os outros vão pensar sobre mim; mesmo olhando nos olhos deles eu só vejo machas.
   São essas manchas que me confundem, que me fazem cumprimentar a pessoa errada ou abraçar um estranho; fazer alguma coisa bizarra e passar vergonha. Graças aos meus óculos eu mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado.
   A dificuldade de enxergar de longe me faz querer aproximar-me, tocar, sentir ou conhecer. Para todas as pessoas que enxergam o mundo de um modo só, eu me acho sortuda, por poder enxergá-lo e conhecê-lo de dois modos. Eu tiro os meus óculos para as novidades, e as vejo de outra forma; e coloco-o quando quero reconhecer um sorriso de quem eu fiz feliz por ser eu mesma.

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Pauta para Once Upon a Time, 49ª edição. Tema: Frase em negrito.
Pauta para OPEP, Edição In Colors. Tema: Livre.