domingo, 22 de maio de 2011

Obscuridade dos sonhos


          Aviso logo de cara sobre os sonhos,
          Nem ouse se agarrar nesta abertura,
          Divinamente guardada pelos demônios,
          Saboreando a ausência de censura.

          Eles povoarão sua límpida mente,
          Simularão ludíbrios em dimensões,
          Retiradas da sua alma inocente,
          Sem se preocuparem com as restrições.

          Não se mova, não imagine, não respire,
          Eles reúnem todas as suas fraquezas,
          Formam pesadelos e trazem a tristeza,
          Não se importando com a manhã seguinte.

          Mas tudo isso não é nada além de um sonho,
          Quando o sol nascer, serão apenas lembranças,
          Dos sentimentos criados pela esperança,
          De ser algo suficientemente cômico.


P.S:Quadra em versos alexandrinos. Se você não sabe o que é, clique aqui, e depois aqui.
Pauta para Bloínquês, 41ª edição poemas. Tema: Sonhos.

domingo, 15 de maio de 2011

Respire


                              Há algo melhor do que respirar?

          Quando estamos aflitos, com medo, sem esperança, cansados e quase vencidos, nós respiramos. E quando o ar preenche nossos pulmões, conseguimos pensar com maior clareza, e mesmo que os problemas não se resolvam, achamos alguns caminhos errados, melhor do que o próprio desespero impensado.
          Corremos muito para conquistar nossos sonhos, e na metade do caminho estamos arfando, respirando pela boca. E como alguém que quer tentar meditar, sem nunca praticar, fecha a boca, estufa o peito e solta o ar dos pulmões.
          Deitar e fechar os olhos, não pensar em nada e ouvir apenas a sua respiração, enquanto o seu diafragma cresce e diminui. A mente está limpa, e nunca nos sentimos tão bem, e nos lugares mais calmos estamos, agora, pensando. Uma praia vazia ao entardecer, com o barulho das ondas; um parque com risadas sinceras de crianças que acabaram de se conhecer.
          É estranho como as crianças confiam uma nas outras, é difícil dizer quantas vezes nós conquistamos as pessoas em um parque, sala de jogos ou um passeio ao Jardim Botânico. É assim, a ingenuidade vai se extinguindo com o passar dos anos, enquanto os sapatos param de servir e os desenhos animados perdem a graça; mas às vezes nós os assistimos apenas para matar a saudade.
          Nós respiramos mais uma vez e percebemos como é difícil crescer. E alguns de nós pensa, e age de forma tão diferente que não parece ser a criança que se sujava na lama do quintal. Crescer não é mudar gostos, não é se tornar alguém igual da televisão, imitar o seu ídolo; crescer é acrescentar. Respirar a cada escolha e não as mudar, mas experimentar algo novo, aprender novas palavras e onde fica Narni. Ao longo do caminho perdemos coisas e pessoas importantes, mas nunca deixe isso abalar você, fazer-te esquecer da sua verdadeira essência ou não acrescentar aprendizados.

sábado, 7 de maio de 2011

Por que escrevemos textos sobre solidão?


          Estava pensando com os meus botões o que escrever, pois já faz um tempo que não há nada de novo por aqui. Veio-me a ideia da solidão, um assunto que eu escrevo bem, não me pergunte o porquê. Mas eu me perguntei: “por que escrevemos textos sobre a solidão?”. Isso seria um bom texto, e estou aqui contando o início do meu texto.
          Todos nós já tivemos este sentimento, que não é ruim. Eu gosto da solidão em alguns momentos, mas como dizem, tudo em excesso faz mal. A maioria dos textos que escrevemos é sobre a má solidão, a depressão e como isso afeta no amor e na nossa autoestima. Nós não vemos, mas quem está lendo do outro lado, fica meio afetado com esses textos, como já me disseram.
          Mas nós escrevemos sobre solidão para mostrar aos outros como eles são felizes, para fazê-los sentirem melhor mesmo com o mundo de cabeça pra baixo. Eles apertam nosso coração, e ficamos torcendo pelo protagonista vencer a antagonista, a tal solidão. Torça! Cada vez com mais emoção, pois estamos “dizendo” que ele consegue vencer tudo aquilo, e no final ser feliz. Mas como podemos torcer por algo que não temos? Sim, aí está o grande mistério, você torce para que o personagem alcance a sua felicidade.
          Os textos sobre solidão nos mostram o quão bom podemos ser também. As pessoas más ficam felizes de ver o coitadinho sofrendo, infeliz, jogado ao relento. As de bom coração, como você que está lendo este texto agora, esperam que o personagem encontre o amor e o potinho de ouro no final do arco-íris.
          Lembra-se quando encontrou o potinho de ouro pela primeira vez? E quando escorregou nas sete cores e percebeu que estava irradiando luz? Os textos nos fazem lembrar tudo isso, dos momentos bons que tivemos e alguns ruins, mas que se não ocorressem, a nossa vida não tomaria aquele rumo.
          Enfim, a verdadeira razão de existirem os textos de solidão é que nós, escritores, adoramos como eles nos fazem sentir melhores, como um banho de cachoeira, que leva todas as impurezas. Tudo de solitário é posto ali, e quem lê vê isso, a pureza que há por trás. E é nessa pureza que nos sentimos felizes, que há esperança no meio do caminho, e que mesmo não parecendo, todos temos um final feliz.