terça-feira, 27 de julho de 2010

Eu só quero chocolate...


...só quero chocolate, não adianta vir com guaraná pra mim, é chocolate que eu quero beber. (Marisa Monte-Chocolate)

Foto para Bloínquês, 14ª edição fotográfica. Tema: Guloseimas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Arthur Hastings

Londres, 12 de junho de 1986.

            Querido Hastings,

   Desde que nos encontramos no trem em direção a Londres, não me esqueço do seu rosto. Pálido, meio assustado eu sei, mas muito expressivo quanto a minha atitude naquele momento. As palavras que soltei ao vento pela janela do trem no banco ao seu lado foram apenas para chamar sua atenção; e eu a consegui.
   A noite que passamos juntos, depois o vinho branco chileno e suas histórias como detetive me fascinara. Ainda me recordo de seus lábios, movendo-se com extrema rapidez e delicadeza, com as palavras bem colocadas sobre um assassinato no campo de golfe.
   Nossos beijos bem dados entre os goles do vinho são inesquecíveis. Todas as vezes que passo a mão sobre a minha coxa, alvo de mordidas escandalosas, sinto um fervor prazeroso. Estou escrevendo sobre essas linhas com a mão trêmula só de pensar em você. Não imagina o estrago que me causou ao convidar-me para uma noite.
   Eu penso se você ainda se recorda de mim. Penso se você rola na cama a pensar nos movimentos sensuais que fizemos no chão do quarto, o vinho derramado no tapete e os gritos alarmantes que ecoavam pelas paredes. Você me possuiu como ninguém.
   Querido, se você recebeu esta carta, escreva-me. Conte-me mais sobre os seus curiosos casos de detetive, suas jornadas em busca de pistas e as sensações captadas durante suas viagens. Eu quero ser informada sobre tudo, desejo ser entretida com fatos reveladores vindos de você.
   Desejo profundamente sua presença. Meus pensamentos não seguem mais uma diretriz, eles só querem você. Desejo seu calor, suas mãos, seus lábios percorrendo cada linha do meu corpo.
   Meu amor, eu te espero. Não necessito de nada além de você. Quero o teu amor, quero você comigo e todos os momentos que passamos juntos. Estou agora de olhos fechados, sentido o seu beijo de despedida ao me deixar partir naquele trem. Eu sei que aquela não foi a nossa última vez. Por favor, responda a minha carta, eu te imploro.

                                                   Beijos carinhosos,
                                                                        Cinderela.



Pauta para Bloínquês, 3ª edição. Tema: Sedução.

Lulu e as flores do meu jardim




Fotografia para Bloínquês, 13ª edição fotográfica. Tema: Flores
Fotografia para OPEP, edição câmera em ação. Tema:Animais de estimação.


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domingo, 18 de julho de 2010

Meu coração é o mesmo

   Os tempos mudaram, principalmente para mim. Em alguns dias eu mudarei de casa, mobilharei o meu quarto e deixarei lembranças para trás. Talvez, essa transição, me transforme em uma pessoa melhor do que eu sou agora.
   É difícil se desfazer de objetos antigos com valores muito significativos, sair da casa onde morei meus catorze anos vividos. É difícil dizer adeus para a visão do meu quarto e o vento que sempre me deu inspiração.
   Eu quero chorar, eu não quero me despedir do meu passado assim, eu quero continuar onde estou. Posso ter ares de mudança, parecer que sou uma pessoa que adora coisas novas; mas todos nós tememos o que não conhecemos.
   O meu maior medo não é o de ir embora, é que eu perca a minha sensibilidade de escrita. A minha casa sempre foi o meu refúgio, onde eu tinha inspiração e que minhas melhores ideias eram aperfeiçoadas.
   Talvez eu chore em algumas noites, mas eu sei que é tempo de recomeçar, de refazer e reavaliar. Quando o meu coração já estiver na metade do caminho eu vou me lembrar de tudo o que passei na minha casa. Então eu virei a ela para respirar o vento da minha inspiração e lembrarei: as coisas mudam, e não é só porque elas mudaram que você tem que ser diferente.




Pauta para Bloínquês, 25ª edição. Tema: Frase em negrito.

sábado, 17 de julho de 2010

Janela de vinil


   Ela olhava imóvel para o teto branco, parecia estar congelada no tempo. Ouviu estalos na janela e seus movimentos foram tão rápidos que uma pedrinha quase a atingiu, batendo na cama e pulando.
   - Rapunzel, jogue suas tranças! – Brincava o rapaz na calçada, com um punhado de pedrinhas na mão esquerda enquanto protegia os olhos do sol com a direita. – Você não vai jogar; Rapunzel?
   - Como seria bom se eu tivesse tranças tão compridas neste momento. – Ela suspirava enquanto apoiava seu cotovelo na janela. – Estou tão feliz em te ver.
   - Como não estaria? Faz três dias que não me vê! Estou com saudades da minha namorada.
   Ela o olhou com um ar triste, fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente.
   - Eu estou de castigo. – Ele arregalou tanto os olhos que teve que se virar de costas para o sol.
   - Mas menininhas de oito anos ficam de castigo, você tem o quê? Dezoito anos? – Ele mexeu com os dedos como quem fazia contas.
   - Pode diminuir dez anos na minha idade; parece que a minha mãe não se importa com isso.
   - Amélia, por favor. Você tem que descer!
   - Como? Você quer que eu pule da janela? – Ele deu um sorriso de lado. – A não! Não vem que não tem!
   - Por favor, por favor! – Ele se ajoelhou e implorou. – Eu te pego aqui em baixo.
   - Eu vou tentar; por você!
   Ela olhou a altura repetidamente; apoiou as mãos na janela, respirou fundo e passou a perna esquerda. Balançou a mão para o namorado que sorriu, com os braços abertos para segurá-la. Ela passou a perna direita, se fixando no telhado. Seu pé escorregou. Desceu tão rápido que nem conseguiu gritar, quando abriu os olhos estava deixada sobre Tom.
   - Tom, você está bem?
   - Acho que quebrei uma perna. Mas com um beijinho sara.
   Ela se aproximou e o beijou. Na testa, depois nas bochechas e lhe deu um beijo doce nos lábios. Ele suspirou com os olhos ainda fechados.
   - Acho que você deveria morar em uma casa com janelas mais baixas.
   - Eu vou falar isso com a minha mãe na volta!
   Eles sorriram, e ainda no chão, beijaram-se novamente.

Pauta para How Deal, 2ª edição. Tema: Imagem do texto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O meu sol

Eu quero a verdade, quero que ela seja pronunciada em alto e bom tom. As pessoas escondidas atrás de máscaras não conhecem o sentido da verdade. As palavras podem ser usadas de várias maneiras, mas sempre haverá verdades escondidas nas entrelinhas.
Eu quero que o céu desabe, em uma chuva sem fim. Que as nuvens escureçam e façam o sol implorar para brilhar. Eu não desejo que a verdade seja um fardo, eu quero o impossível, aquilo que paramos para contemplar e perceber que nada importa, além de ser verdadeiro com você mesmo. A verdade é uma coisa bela e terrível, por isso deve ser tratada com grande cautela.
O tempo faz as pessoas se afogarem em suas próprias mentiras, faz a morte acontecer e as lágrimas rolarem. Sinto o tremor do chão que não se move, o mesmo chão que um dia esparramou as lágrimas que derramei. Todos sentem medo da verdade.
A morte é um momento instantâneo de sua passagem para outra realidade, a verdade fica presa, amarga. Ela sufoca e pressiona todos os sentimentos, ela causa uma reviravolta onde as mentiras são aprofundadas e seu ser morre a cada segundo.
A verdade está nos os olhos de quem sente. A imensidão do mundo em que vivemos suporta imensas mentiras que matam, mas continuamos respirando. Talvez uma grande parte do mundo não sinta, tenha perdido os sentidos pelo caminho da maldade. Eu só tenho uma certeza, que me atormenta muitas vezes ao dia e que me faz escrever o que não vem da minha cabeça; mas sim do coração: eu sinto.



Pauta para Once Upon a Time, 53ª edição. Tema: Frase em negrito.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Detalhes

   Você está na sala de aula e tudo começa a girar ao seu redor. Você olha o quadro verde e percebe que a velocidade da luz é infinita e invisível aos olhos, e que talvez, as dimensões paralelas não estejam tão longe de você.
   Um simples movimento com os dedos na parede colorida faz despertar uma idéia. Suas pupilas dilatam e você para de respirar por alguns segundos. Então seus dedos deslizam pela parede a fazer movimentos nunca imaginados.
   Estrelas cadentes, planetas, meteoros se colidindo e estrelas explodindo para gerar uma nova galáxia. A imaginação percorre todo o pequeno espaço que se utiliza da parede.
   Parece não ser real quando se percebe que nada está marcado. Todos estão na sala, olhando para seus respectivos materiais, e a parede continua ali, intacta. Então você volta sua mente para a realidade, e a sua pupila dilata novamente quando tudo vem à tona.
   O papel rabiscado é a comprovação disso, pelo simples fato de ter uma imaginação fértil.

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P.S.Texto escrito enquanto fazia a prova de história, ontem. Eu estava muita atenta na parede para perceber que mais uma vez minha pupila havia dilatado. Foi nisso que deu!

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Pauta para OPEP, edição In colors. Tema: livre!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Adeus não é o suficiente


   Quando abri meus olhos, deparei-me com o meu maior medo: o escuro. Meus olhos estavam vendados, mas eu sabia que estava em uma pequena sala, talvez um armário. A minha respiração estava quente e a cada suspiro meu fazia um eco soar.
   Reorganizei os fatos em minha cabeça, pelo menos tentei. Não me lembrava de nada do que tinha ocorrido, até sentir uma forte pontada na cabeça e algo escorrendo no meu rosto; eu estava sangrando. Meu coração acelerou e pensei nas piores coisas, mas eu não conseguia me manter acordada, estava latejando muito. Eu adormeci num sono dolorido.
   Acordei a gritos, escutava vidros quebrando, batidas nas mesas e cadeiras sendo arrastadas. Sentia a vibração no pequeno armário de pisadas fortes subindo as escadas, pensei em fingir que ainda estava desmaiada da noite anterior, mas a porta me manteve acordada.
   Recebi uma batida na cabeça, e pelo peso pude perceber que era a porta. Senti o ar frio entrar e a presença de alguém, mas não ouvi vozes, tudo se calou. Pela venda que cobria os meus olhos, percebi que já estava de manhã. Ele puxou o meu braço e me levantou, meio desengonçada pela pancada na cabeça. Colocou-me nos ombros e desceu as escadas que pareciam não ter fim. Ouvi uma voz conhecida e meu coração acelerou, tentei falar:
   - Mãe?
   O silêncio foi profundo no cômodo onde estávamos, ninguém estava falando mesmo, mas o vento parou de assoviar e as folhas não se encontravam mais para dar um fundo de natureza; eu só ouvia o som do meu coração batendo. Ela me tocou, sei disso pela suave mão que me acariciava todas as noites depois das histórias de dormir. Ela respirou fundo, senti que queria chorar, engoliu seco. O homem me pôs no chão e falou calmamente com ela:
   - Ela é inteligente, não?
   - Por que a minha filha, Dante?
   - Nossa filha, você quer dizer.
   Comecei a respirar muito rápido, estava sem fôlego. Pelo que eu sabia a voz do meu pai era diferente, e ele nunca me faria mal. Dante se virou e voltou o olhar para mim, pois ele me deu um chute na perna.
   - Não faça nenhuma besteira.
   - Dante, é a nossa filha, não a machuque!
   - Agora é nossa? Eu nunca vou perdoar você.
   - Dante, não!
   A minha mãe gritou, eu não podia fazer nada. Ouvi os passos na escada e o som da sua voz me deixando, ele estava levando-o. Alguns minutos depois ele desceu e me carregou. Jogou-me no canto do quarto e tirou minha venda, meu sangue escorria pela parede branca do quarto de minha mãe. Ela estava jogada na cama, desacordada.
   - Preste bem atenção nesta cena, grave-a na sua memória. É a última coisa que se lembrará de sua mãe.
   Eu não conseguia falar, ele subiu o vestido de minha mãe e acariciou suas pernas, volte e meia olhava para mim, se certificando se eu estava assistindo. Eu não queria ver o que ele faria com ela, pois eu sabia que não seria algo bom.
   - Ela não fica linda dormindo?
   Uma lágrima percorreu minha bochecha quando ele tirou a calcinha dela, olhou para mim e sorriu. Ele abaixou as calças e a estuprou na minha frente. Tentei fechar os olhos algumas vezes, mas quando ele percebia, parava a ação e me provocava com insultos a minha família. Quando ele se satisfez e parou o estupro, ele olhou diretamente em meus olhos.
   -Será que a filha é tão boa quanto a mãe?
   - Não, você não vai me tocar!
   - E quem vai me impedir?
   Eu gritei alto, o mais alto que pude. Ele me jogou na cama e foi me despindo, enquanto eu tentava me arrastar para fora. Ele segurou meus quadris e me olhou, seus olhos eram medonhos e eu não tinha mais escapatória. Ele me estuprou como fez com a minha mãe, várias e várias vezes. Eu havia perdido a minha virgindade. Ele parou e me olhou, tinha um olhar de glória.
   Quando as lágrimas escorreram, eu percebi a enorme poça de sangue na cama, do meu sangue. Eu gritei com toda a força das minhas cordas vocais pedindo ajuda. Meu sinal sumiu no ar, andou para longe e jamais encontrou ouvidos. A última coisa que vi foi o seu vulto antes de fechar os olhos e estremecer, esperando a morte.
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Pauta para Once Upon a Time, edição da gincana. Tema: Frase em negrito com terror psicológico.