quinta-feira, 29 de abril de 2010

Selos

Andei ganhando selos essa semana e vou postá-los aqui. São eles:






quarta-feira, 28 de abril de 2010

A vingança III


   Eu realmente estava assustada, nunca me passou pela cabeça a Beatriz ser uma vampira. Ela andava no sol, comia e bebia normalmente e nunca atacava ninguém. Beatriz saiu do carro e segurou o meu braço, respirando fundo, sentindo o meu cheiro.
   -Uma lobisomem de raça pura, veja só.
   -Como você conseguiu se esconder este tempo todo?
   -Sabe-se que eu sou imortal; eu tenho duas escolhas: viver normalmente com imortalidade ou beber sangue humano e ser vulnerável ao sol, água benta e esquartejamento, ainda imortal. Eu só escolhi as duas.
   -Mas como? – Beatriz torceu meu braço e pegou o outro, fazendo-os latejar de dor.
   -Algumas vezes eu saio para caçar, eu não fico fora muito tempo, quando volto me tranco na minha casa e fico escondida alguns dias. O efeito passa e eu me sento mais forte e continuo imortal. – Cheirou-me mais uma vez e falou no meu ouvido aos sussurros – Você parece ter um gosto bom.
   Joguei-a para trás e fiquei em posição de defesa.
   -Você acha que vai conseguir me pegar? – Disse enquanto fazia círculos na terra com o pé. – Eu sou mais rápida, mais ágil, mais forte, mais esperta; que um cão.
   Dei um salto em sua direção e com um movimento ela já estava me segurando pela cabeça.
   -Viu?
   Passei a pata sobre a sua cintura mordendo o seu cabelo enquanto ela se virava para me chutar; bati contra o carro. Levantei-me ainda não acreditando que ela estava lutando comigo.
   -Você é minha amiga!
   -Sabe por que vampiros não têm cachorros? Por que eles comem.
   Deu um salto em diagonal e só vi o seu vulto sobre as minhas costas.
   -Quer saber como é ser vampiro? – E me mordeu.
   Cai do carro e rolei na terra, ficando imóvel por alguns minutos enquanto ela me fitava, depois de ter bebido um pouco o meu sangue e injetado seu veneno. Vi meus pêlos desaparecendo, meu tamanho diminuindo, voltando ao normal; a não ser o fato de eu ter dentes afiados e estar pálida, muito pálida.
   -O que você fez comigo?
   -Um favor, veja só como você esta: branca, olhos dourados, cabelo sedoso, magra mas forte, rápida e inteligente, com feições perfeitas e acima de tudo, imortal.
   -Por que os meus olhos são dourados e os seus vermelhos?
   -Porque eu acabei de beber o seu sangue, bobinha!
   -Quer dizer que você vai morrer?
   -Por que morreria, por quê você era um lobisomem?
   -Não, pois você esta no sol.
   Ela arregalou os olhos e virou-se na direção do sol, seu cabelo ficou loiro, na sua pele começou a surgir bolhas vermelhas e seu rosto estava derretendo. Ela se virou para mim e deu um passo, esfarelou-se.
   Olhei atentamente as cinzas de Beatriz, eu teria que viver a vida dela de agora em diante, não poderia voltar para a minha família lobisomem. Olhei para o sol que nada fazia comigo, levantei do chão, soltei a poeira de terra grudada em mim e chutei as cinzas de Beatriz, sendo levadas pelo vento.
   Peguei a minha bolsa que fora jogada longe desde a primeira luta, olhei o horizonte e sai correndo, com a minha nova velocidade de vampiro e sumi floresta a dentro.

(Fim)

terça-feira, 27 de abril de 2010

A vingança II


   Beatriz arregalou os olhos o mais que pode ao constatar que um homem estava pregado a parede com letras de sangue.
   -Quem voltará?
   -Eu não sei.
   -Mas, foi você mesmo que fez tudo isso?
   -Pelas minhas lembranças sim.
   -Quais são as suas lembranças?
   -Eu chegando em casa, rindo com os meus pais e com suas visitas. Então eu me senti mal, fui para o banheiro e me transformei no que eu não queria ser. Destruí toda a minha vida, tudo que estava por perto. Acordei no hospital, fui levada para os meus tios distantes e toda a minha vida eu tive um pesadelo. O pesadelo eram lembranças.
   Entrando no cômodo e analisando o homem e as paredes, percebi que havia um nome em baixo da frase: ‘a sua visitante inesperada’. Naquele dia apenas os meus pais estavam comigo, além de Marie e seu filho, Bryan. Soltando uma lágrima eu entendi tudo aquilo, aquele homem era o meu pai, que não havia morrido e me procurava. Quem voltará será Marie, eu matei o filho dela e ela não deixaria por pouco.
   -Beatriz, talvez eu passe um tempo longe da cidade, para pensar melhor no que fazer. Eu vou te deixar em casa.
   Entrando no carro aos suspiros senti algo bater na minha cabeça. Coloquei a mão e quando voltou para os meus olhos estava sangrando. Alguém havia pulado no capô e Beatriz estava desacordada.
   Sentia meu corpo quente, meu sangue fervendo, meus dentes afiados, o cabelo eriçado, os pés e as mãos doendo, meu olfato e minha audição apurada. Chutei a porta do carro, indo de encontro a uma parede da casa. Levantei do estofado e pude constatar que eu estava um pouco maior.
   Um vulto e um arranhão passaram por mim, me virei em alerta, ainda não vendo o que estava me atacando. Marie apareceu em minha frente, estava na forma de lobisomem. Soltou alguns grunhidos e voou para cima de mim. Virei-me rapidamente e fiquei de quatro, rezando para que me transformasse depois de tantos anos.
   Marie pulou em cima de mim, rolando juntas na terra senti meu corpo eriçar, os dentes crescerem e as mãos ficarem maiores; estava na hora de brigar. Joguei Marie para o ar enquanto corria para tomar impulso, pulei sobre uma árvore e voei na direção de Marie.
   Arranhei o seu pescoço peludo e o focinho, ela me deu um chute na barriga seguido de outro grunhido. Afastei-me, tomei velocidade e pulei sobre Marie, mordendo a pescoço. Ela estava voltando a forma normal enquanto Beatriz acordava do desmaio.
   Corri até o carro para ver se estava tudo bem e Beatriz soltou um grito tão apavorando que poderia me ensurdecer.
   -Sou eu Beatriz, a Alice!
   -Você um lobisomem?
   -É, mais ou menos.
   Beatriz passou para o banco do motorista e deu um sorriso, fazendo aparecer seus dentes de vampiro.
(Continua...)
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Pauta para Bloínques, 14ª edição musical. Tema: talvez eu passe um tempo longe da cidade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A vingança


   As coisas estavam diferentes, se ajeitando, entrando nos conformes. Eu finalmente tinha aprendido a me controlar, falar baixo, ser uma menina normal.
   Continuava tendo os mesmos pesadelos, uma casa luxuosa e agora destruída. Marcas de sangue pelas paredes e carpetes, as janelas arrebentadas e as portas com perfurações profundas, era o pesadelo todas as noites.
   Na noite de lua cheia veio novamente o mesmo pesadelo, mas com mais detalhes, mais marcas e o endereço. Levantei assustada e esfreguei os olhos, já era hora de descobrir o que estava acontecendo.
   Coloquei a primeira roupa que vi, peguei minha mochila e deslizei pelo corrimão. Abrindo a porta dei de cara com Beatriz, com o punho fechado para bater na porta. Sem questionamentos puxei Beatriz pelo braço e entramos no carro.
   -Eu sei que não dá para explicar, mas eu venho tendo pesadelos desde que eu era pré-adolescente e agora eu quero descobrir o que este sonho significa. Eu sei que você pode não entender muito bem o que esta acontecendo, mas saiba que eu ainda sou sua amiga, você ainda me considera sua amiga?
   Ela balançou a cabeça em sinal positivo enquanto eu continuava com meus olhos vidrados na estrada. Foi uma longa viagem e chegamos de manhã, parei o carro e acordei Beatriz já toda babada. Entrei devagar na casa, esperando algum sinal aparecer. Beatriz parecia estar se divertindo, pulou na janela e começou a balançar as pernas.
   -Por que estamos aqui mesmo?
   -Fica quieta!
   Olhando entre os cômodos fiquei estatelada ao ver uma coisa muito incomum. Um homem meio lobo estava preso em sinal de cruz e na parede estava escrito com sangue ‘eu voltarei’. Enquanto olhava aquele homem que mais me parecia um lobisomem todas as lembranças voltaram a minha mente: meus pais, minha infância, os pesadelos, as noites em claro e com dor, tudo.
   -Quem fez tudo isso? As janelas quebradas, as paredes com buracos e as portas arranhadas?
   -Fui eu.

(Continua...)
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Pauta para Bloínques, 14ª edição visual. Tema: A foto do texto.

domingo, 25 de abril de 2010

Eu, adolescente?


   Os adolescentes têm a sua própria vida, pelo menos é o que pensam. Estão saindo de uma fase onde o colo da mãe era a coisa mais importante e hoje, querem sair livres, sem preocupações e deveres a cumprir.
   A família é uma parte importante do adolescente, foi e ainda é a sua base, onde busca informações, ajuda e uma fortaleza para os momentos de solidão. Ela cultiva os princípios básicos da solidariedade e ajuda os adolescentes a entender que o mundo visto de dentro é um globo de neve a ser chocalhado, mas visto de fora são novas terras a descobrir mas com muitos obstáculos. A família tem uma grande importância na vida do adolescente, pois é nela que buscamos as respostas do certo e do errado, pela experiência herdada de tantas outras famílias.
   Ao deixar de ser criança os adolescentes passam por um turbilhão de emoções. O corpo esta mudando, as informações recebidas são em maiores quantidades e todos acham que você deve ser sobrecarregado para entender que a vida não é uma brincadeira. Os conflitos são maiores, falamos o que vem primeiro na mente e omitimos fatos vergonhosos e humilhantes.
   A escola muda de acordo com o nosso crescimento, os amigos são outros, as conversas são diferentes e o ensino é mais pesado. Na escola é onde convivemos com o ‘bem’ e o ‘mal’, o que diríamos de grupos que não se entendem e na saída brigam. Os maiores conflitos são vividos na escola, temos amigos que podemos contar e colegas não muito sociáveis, a sala de aula é um laboratório de experiências, e nós somos os ratinhos brancos a serem picados com agulhas gigantes, que seriam as matérias do ano.
   Adquirimos na escola o que se chama de responsabilidade. O papel da escola é muito importante, pois passamos metade de todos os dias dentro das salas de aulas aprendendo a conviver e a ser responsável. A escola testa a nossa responsabilidade por meio de deveres de casas e trabalhos em grupos, que aumenta a convivência e aceitação do próximo.
   Responsabilidade é cumprir com os deveres que a escola e a família nos impõem a cumprir, testando a nossa responsabilidade a escola esta nos preparando para o mercado de empregos, onde tudo requer rapidez, ideias perspicazes e acima de tudo a responsabilidade que vão nos dar pela confiança no trabalho.
   Quando os adolescentes chegam perto do final do ensino fundamental, começamos a pensar na carreira que queremos seguir. Desde pequenos nossos pais nos influenciam a seguir a profissão que eles querem, e muitas vezes, os adolescentes que seguem tem uma triste surpresa quando descobrem que não era aquilo que eles gostariam de fazer.
   Testes vocacionais são muito usados para descobrir o que queremos fazer, e a escola tem um papel importante quanto às matérias dadas, que diversificadas, podemos escolher qual área gostamos mais de estudar. A linha entre o amadurecimento e o trabalho é curta, e o tempo passa muito rápido, por isso quanto mais cedo decidimos o que queremos fazer, melhor.
   Mas antes das escolhas e logo no início da adolescência há a intervenção da paixão na adolescência; muitas vezes platônica, sincera, escondida ou aberta. A consequência é o namoro, onde os adolescentes podem conversar com o parceiro ou parceira sobre assuntos que não pode discutir com ninguém, pois o outro entende.
   O namoro pode ser uma grande experiência para o adolescente, mas preocupa quando atinge os estudos, pois é no estudo que buscamos uma base para uma vida futura. O amor é uma fase que devemos passar, mas não pode ser a nossa diretriz, o estudo deve vir em primeiro lugar, já que é ele que vai nos levar a algum lugar.
   Ser adolescente é uma sensação inexplicável, sentimos de tudo e queremos experimentar tudo. Somos livres para descobrir o que quisermos e ao mesmo tempo presos pela escola, família e responsabilidade de um futuro promissor. Ser adolescente nada mais é do que o meio de tudo, depois da solidão e antes do trabalho, é uma fase onde tudo esta acontecendo ao mesmo tempo, mas sabendo lidar, a adolescência é uma grande experiência.

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Texto baseado no tema da trabalho de Ensino Religioso do meu colégio: Adolescência.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Novi(mal)dade!


   Olhares fuziladores te perseguem pelo corredor e te fazem pensar sobre o que elas estão decodificando com os próprios olhos. Alvos de ataques de meninas que se acham o máximo e pensam que podem contar tudo sobre a vida alheia e sair ilesas; mas nem sempre são as populares. Todas temos um instinto de falar, contar, intrigar, fofocar.
   A fofoca nada mais é do que uma rede de notícias. Nossos informantes são as bocas e ouvidos de quem estava na hora errada no lugar errado ou na hora certa no lugar certo. Algumas não são boas, outras humilhantes, às vezes são aquelas fofocas que te deixam popular; mas na maioria te fazem chegar em casa e cair na cama, pensando como você foi deixar escapar uma coisa dessas de você mesmo.
   Conversa e fofoca são duas coisas distintas, na conversa você pode falar mal dos outros, falar mal de você, e aquilo fica entre as pessoas do grupo. Fofoca é quando você fala mal de você e dos outros e alguém sem querer, mas querendo escuta e vê uma possibilidade de conversa, só que isso se torna uma fofoca.
   Claro que algumas pessoas preferem dizer que não são fofoqueiras, são apenas informantes, colaboradoras da fala. Para mim é saber das novidades e espalhar, já que é novidade é uma coisa nova e espontânea; mas nunca se sabe quando essa ‘novi’dade vira uma ‘mal’dade.

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Pauta para Bloínques, 5ª edição opinativa. Tema: Fofoca.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O inteiro despedaçado, novamente.


   Assim como as estações, as pessoas têm a habilidade de mudar. Pode demorar anos, ou alguns minutos. Um beijo, uma briga, uma fofoca ou um rompimento pode ser a porta para um novo começo. Assim como as estações não vêm nos momentos esperados, as nossas vidas estão sempre mudando, talvez para melhor ou pior, nunca se sabe quando uma nevasca vai impedir a visão do sol.
   Há momentos que não podemos adiar, mesmo fugindo da situação ela nos persegue para qualquer lugar. Olhares matadores e dúvidas angustiosas me atingiram no dia do casamento de minha irmã. Ed estava lá para estragar tudo novamente, aproximou-se com o seu olhar fuzilador e disse algumas palavras:
   -Você acha que conseguiria fugir de mim para sempre. – Seu hálito era como uma droga para mim, uma que eu precisava me livrar. – Você sabe que me ama, por que continua fugindo?
   -Você não é bom, tudo que sai de você me magoa, eu não quero mais nada que venha de você.
   -Você me quer, bem no fundo, você me quer.
   -Mesmo te querendo eu tenho que fazer o certo.
   Enquanto eu me virava para ir embora ele segurou as minhas mãos e inclinou um pouco a cabeça, vendo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
   -Eu te conheço melhor do que ninguém; e você nunca teria coragem de me deixar.
   -Você não sabe nada sobre mim, e se você me conhecesse de verdade saberia que nada me deixaria mais feliz do que te vê partir.
   Ele soltou as minhas mãos e fitou os próprios sapatos brancos.
   -Você quer que eu vá embora?
   -Quero.
   Com a cabeça erguida e os ombros para trás ele apertou as minhas mãos e soltou-as.
   -Então continue vivendo essa vidinha miserável que você tem, e que a sua irmã seja muito infeliz.
   Antes que ele se virasse, juntei toda a minha força e deixei a marca de minha mão na sua face. Ele se virou e antes que pudesse responder ao meu ataque os seguranças o puxaram para fora do casamento. Segurando na porta branca e arrancando uma rosa branca, jogou-a no chão e pisou.
   -Meu maior erro foi ter me apaixonado, pessoas emotivas não saem do lugar, e você nunca conseguiria me acompanhar. – Dando costas foi embora.

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Pauta para Bloínques, 13ª edição visual. Tema: A figura no texto.
Pauta para Bloínques, 12ª edição conto/história. Tema: A frase em itálico.
Pauta para Once Upon a time, 41ª edição. Tema: A frase em negrito.

Gossip Girl

Foto para a 4ª edição fotográfica do Bloínques sobre Gossip Girl.


P.S. I ♥ you



terça-feira, 20 de abril de 2010

Ilusões


   A chuva batia contra a janela sendo carregada pelo vento; as gotas escorriam e não havia nada mais interessante do que apostar corrida de gotas na pior festa do pijama que já ocorreu na história.
   A única pessoa com quem eu podia contar foi que veio, claro que ela não tinha nada o que fazer em casa e por isso chegou três horas antes, mas isso não justifica apenas ela ter vindo, todas me deixaram na mão.
   Procurei sobre as estantes alguns filmes que pudéssemos ver, pois a chuva não ia parar para Allison voltar para casa. Abri o armário em baixo da televisão e dei de cara com uma coisa que eu não esperava encontrar tão cedo: meu ursinho de pelúcia.
   Muitas lembranças estavam escondidas naquele ursinho, me virei para Allison, revistando os cômodos pertos demais da sala, e rezando para que a escada rangesse se algo se apoiasse nela.
   -Allison?
   -Sim, Catherine?
   -Eu tenho algo que quero te contar, mas você tem que prometer nunca contar a ninguém.
   -Eu prometo.
   -Jura pela sua vida?
   -Eu juro pela minha vida.

   Rasguei o pequeno velcro do ursinho e tirei um pequeno livrinho que havia ali dentro. Abri, procurando pela página que tanto queria arrancar, mas não tinha coragem, mostrei-a ela. Arregalando os olhos e lendo pausadamente recitou:
   - “Aonde você for eu estarei com você, pois eu sempre te amei e sempre te amarei, aonde quer que você esteja meu amor nunca diminuirá”.– Deu uma pausa e fitou-me com uma expressão de tristeza misturada com medo e angústia. – Quem escreveu isso? – Apontei para o final da folha, onde se leu. – “Henrique Reynolds”.
   Ela piscou duas vezes enquanto as lágrimas caiam sobre o rosto, perguntei o que se passava e ela ignorou, mas cedeu.
   -Ele era o meu namorado.
   -Como assim? Eu sabia que ele namorava todas, mas não você, eu te mostrei isso, pois eu fui à única pessoa para quem ele disse que amava.
   Ela abriu a bolsa de roupas e remexeu-a totalmente, jogando roupas para os ares e pegando a carteira; abriu o fecho e me mostrou um recado que dizia a mesma coisa.
   -Ele escreveu isso para todas as namoradas dele? – Allison fez que sim com a cabeça. Comecei a chorar no instante.
   -Eu não te culpo se achou que ele te amava.
   -Foi a minha primeira carta de amor, na verdade um bilhetinho que significava tanto, e agora, não faz a mínima diferença, eu podia passar a minha vida inteira sem saber disso, mas agora que meu coração esta despedaçado nada me resta do que jogar fora às lembranças.
   Levantei-me indo a direção ao meu quarto, mas pude ver de relance que Allison guardava o seu e o meu bilhete, talvez fosse para lembrar como ele era um idiota, ou como ele fazia-nos apaixonar tão facilmente; ou até para lembrar que contos de fadas não existem.

Pauta para Bloínques, 13ª edição musical. Tema: Em itálico.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Histórias de dormir


   Eu me sinto mais sozinha com o passar dos dias, a escola, as ruas, minha casa e até o telefone em frente a minha rua me deprime. Tudo me lembra os dias em que passamos juntos, as tardes quentes e as noites chuvosas, os pingos caindo na janela; tudo se foi.
   Ainda me lembro como o seu abraço era bom, as histórias que me contava, as comidas preparadas e a cozinha com uma montanha do tamanho do Everest de louças. As suas mãos sempre foram maiores do que as minhas, sempre medindo, sempre tentando te alcançar, mas o que importa agora? Você se foi e as lembranças viraram fotografias, eu queria que tudo fosse traduzido em palavras, para eu escutar a sua voz novamente. Como era doce e suave, me dizendo sempre a coisa certa a fazer, tudo mudou.
   As noites são dolorosas, as manhãs tristes e as tardes consoladoras. Eu sinto a sua falta mais do que você possa imaginar, mas o que eu posso fazer?
   Você nunca vai saber o quanto sofri com a sua morte, nunca vai saber quantas lágrimas eu derramei, nunca vai entender por que eu me culpo; mas você sabe que eu sempre vou te amar, em toda a minha vida. A mamãe ainda chora quando olha a sua fotografia desejada a ela, aniversário de vinte anos de casados...Eu sinto a sua perda, pai; é um buraco que eu não consigo preencher, e mesmo que eu tente, não dá.
   O passar dos dias é doloroso, mas eu vou tentando entender a sua perda, o porquê nos deixou tão cedo, mas não se preocupe, eu cuido de tudo. As histórias, os presentes, a vida que você deixou eu continuarei levando, pois é assim que eu quero me lembrar de você, como o meu pai.

 Pauta para Bloínques, 12ª edição musical. Tema: traduzido em palavras.

domingo, 11 de abril de 2010

Eternamente jovem


   Sentada sozinha, encostada na árvore ele chegou e vendo-me chorar houve questionamento:
   -Por que está chorando?
   -A cada segundo que passa estou envelhecendo, queria ser jovem para sempre.
   Sempre soube que tudo que saia dele era o melhor, mas dessa vez parecia poesia vindo de seus lábios.
   -Vamos dançar com elegância, pelo menos por alguns instantes. – Pegou minha mão, levantando-me do chão e levando-me para mais perto, dando alguns leves passos.
   -O paraíso pode esperar, quando estamos olhando para o céu desejando o melhor mas esperando o pior. Nós não temos o poder de viver eternamente, mas nunca dizemos nunca, sentados num fosso de areia, a vida é uma viagem curta, então é melhor morrermos jovens ou vivermos eternamente?
   Passando nossos pés sobre o raso rio que percorria o caminho de terra ele continuou:
   -Viva a vida como um vídeo, onde o sol sempre nos acompanha e nós nunca ficamos velhos. Sem nenhuma expressão velha, pois não há amanhã, só um dia perfeito que dura uma vida inteira e nunca termina, pois tudo que precisamos fazer é dar replay. Sem medo do quando sem medo do porquê, viva sem medo enquanto estivermos vivos; sem medo de morrer, pois vamos viver por um milhão de anos; somos as lendas, pois somos jovens.
   Passou a mão entre meus cabelos e sussurrou em meus ouvidos:
   -Eu quero ser eternamente jovem; você realmente quer viver eternamente? Eternamente e sempre?
   -Sim... – provoquei a resposta a sair de meus lábios, sendo tão sincera quanto as palavras dele.
   Ele se afastou e encostou o nariz gelado no meu, já que começava a chover.
   - Enquanto tiram fotos do mundo nós pintamos os jovens. Não vamos viver para sempre, mas uma vida longa e duradoura comigo não basta? Enquanto estivermos juntos seremos eternamente jovens, nem que seja só você e eu.
   Com a chuva fina e gelada caindo na direção do norte pelo vento, ele roçou os lábios nos meus e disse as últimas palavras antes de me beijar: ‘Eternamente jovens’.

Pauta para Bloínques, 12ª edição visual. Tema: A foto do texto.

P.S. As falas foram retiradas e desenvolvidas da música Young Forever.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Raio de sol













   Tudo na vida tem um porquê
   Se você não sabe o seu
   Quem vai saber,

   Quando precisar é só chamar
   O número do telefone
   No meu cartão está,

   Se estiver chovendo
   Se o sol estiver queimando
   Ligue, que eu venho voando,

   Talvez um dia eu não venha
   Talvez um dia eu não esteja aqui
   Mas tudo se resolve quando chega ao fim,

   Quem me dará um ombro amigo
   Quando eu precisar?
   E se eu cair, se eu vacilar,
   Quem vai me levantar?

   Grite o meu nome e vai ver tudo melhorar
   Pois o sol vem comigo
   Pra qualquer lugar.


Pauta para Bloínques, 10ª conto/história. Tema: Quem me dará um ombro amigo, quando eu precisar? E se eu cair, se eu vacilar, quem vai me levantar?

The hole


   Ela ainda sonha com isso, a casa pegando fogo, as crianças chorando, os pais gritando e tudo se despedaçando em meio ao fogo. Achava-se a culpada, mas não havia fundamentos nisso, ela apenas achava. Seus pais morreram junto com o irmão mais novo, duas fotografias, foi apenas o que restou de lembrança de seus pais, já que morava com sua tia.
   Não era a mesma coisa nos cafés da manhã, a espera em frente da escola e as idas ao Jardim Botânico; havia um vazio, um buraco tão fundo que nem todo o amor do mundo poderia preencher. Ela só tinha dez anos quando tudo aconteceu, agora que já tem treze tudo parece mais difícil, ter que encarar os amigos, os dias dos pais e das mães, as reuniões escolares. Seu refúgio era a tia, mas esta não passava muito tempo em casa.
   Sua felicidade, Teddynho, o yorkshire; ele conseguia fazê-la sorrir, os poucos momentos com ele faziam o buraco se tapar por alguns instantes, parecia morfina sendo injetada quando Teddynho a lambia. Presente de sua tia, foi a melhor coisa que aconteceu depois do incêndio.
   O buraco continua lá, as fotos salvas estão guardadas, e Teddynho proporciona muitas outras fotos, enquanto o buraco ainda não se cicatriza.

Pauta para Bloínques, 11ª musical. Tema: duas fotografias, foi apenas o que restou.

P.S. Hoje é o dia Mundial da Natação, parabéns a todos que praticam e praticaram esse esporte. Grandes beijos para o Felipe, que faz natação e é meu melhor amigo!