domingo, 15 de maio de 2011

Respire


                              Há algo melhor do que respirar?

          Quando estamos aflitos, com medo, sem esperança, cansados e quase vencidos, nós respiramos. E quando o ar preenche nossos pulmões, conseguimos pensar com maior clareza, e mesmo que os problemas não se resolvam, achamos alguns caminhos errados, melhor do que o próprio desespero impensado.
          Corremos muito para conquistar nossos sonhos, e na metade do caminho estamos arfando, respirando pela boca. E como alguém que quer tentar meditar, sem nunca praticar, fecha a boca, estufa o peito e solta o ar dos pulmões.
          Deitar e fechar os olhos, não pensar em nada e ouvir apenas a sua respiração, enquanto o seu diafragma cresce e diminui. A mente está limpa, e nunca nos sentimos tão bem, e nos lugares mais calmos estamos, agora, pensando. Uma praia vazia ao entardecer, com o barulho das ondas; um parque com risadas sinceras de crianças que acabaram de se conhecer.
          É estranho como as crianças confiam uma nas outras, é difícil dizer quantas vezes nós conquistamos as pessoas em um parque, sala de jogos ou um passeio ao Jardim Botânico. É assim, a ingenuidade vai se extinguindo com o passar dos anos, enquanto os sapatos param de servir e os desenhos animados perdem a graça; mas às vezes nós os assistimos apenas para matar a saudade.
          Nós respiramos mais uma vez e percebemos como é difícil crescer. E alguns de nós pensa, e age de forma tão diferente que não parece ser a criança que se sujava na lama do quintal. Crescer não é mudar gostos, não é se tornar alguém igual da televisão, imitar o seu ídolo; crescer é acrescentar. Respirar a cada escolha e não as mudar, mas experimentar algo novo, aprender novas palavras e onde fica Narni. Ao longo do caminho perdemos coisas e pessoas importantes, mas nunca deixe isso abalar você, fazer-te esquecer da sua verdadeira essência ou não acrescentar aprendizados.

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