terça-feira, 12 de outubro de 2010

O último pôr-do-sol


Penso que estou muito longe de ser entendida.
O barulho dos meus passos não se cessa,   
À medida que peço pelo silêncio.   

Os pesares que atormentam minha alma   
Não se comparam aos seus.   
Então, pego-me novamente tocando em seu nome.   

O vazio que preenche,   
O paradoxo que alimenta esperanças,   
Os olhos que se cerram esperando o pôr-do-sol.   

E quando o brilho me cega,   
Já não vejo mais a bela paisagem,   
E a luz da minha dúvida   
Enfraquece-se à medida com que eu ouço meus passos nas pedras da calçada.   

E o barulho me acompanha,   
Detestável, sem significado e propósito real,   
Apenas um distúrbio para os meus pensamentos.   

Sinto a ardência nas minhas narinas,   
O perfume suave que o vento carrega   
Com as ondas batendo nos meus calcanhares.   

Chuto e levanto a água,   
Não tenho mais paciência,   
Estou pensando em você.   

E é pela vista que agora já vejo,   
Sobre uma árvore que escalei,   
E penso em você ao olhar para o pequeno pedaço que ainda resta do sol.   

Não fico triste desta vez,   
Mesmo com as dúvidas que carrego.   
As dúvidas da sua partida.   

Foi realmente necessário?   
Tinha que me deixar?   
E o sol tão grandioso ao se pôr nas águas, acalma-me para os meus pensamentos.   

Você se foi, mas continua comigo,   
E você está em algum lugar melhor.   

Volto a escutar o insuportável barulho das pedras,   
E os meus pés ainda não tocam o chão,   
Percebo que não estou sozinha.   

E por motivos mais reais,   
Desço do meu refúgio e volto às pedras,   
E com o barulho que já não me incomoda mais, penso que a morte chega para todos.   

Viverei até o dia em meus olhos se cerrarão e nunca mais se abrirão,   
E lamentarei o dia em que não poderei ver a luz que cega a minha visão. 

Pauta para Bloínquês, 8ª edição. Tema: pôr-do-sol.

1 opiniões:

Leeti disse...

A morte é bem isso mesmo: não é fim, nem é começo, mas chega para todos.
Adoreei demais *---------*
Beeijos ♥

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