domingo, 18 de setembro de 2011

Phoenix, Oregon. 18 de setembro de 2011


                Daniel,

        Espera aí, deixa eu ver se eu entendi. Você chega na minha vida sem dar muitas explicações, cativa-me ao longo do tempo, diz que me ama e depois me deixa, assim, sem dizer nada? Sei que tenho todas as razões do mundo para te odiar, com toda a certeza, mas o que eu sinto mesmo é saudades, talvez com um pouco de raiva. Lembro-me do dia em que você chegou, foi tão sincero o seu sorriso, suas histórias sobre o mundo e as pessoas de cada canto. Você me conquistou com pouco, ganhou tudo o que eu podia dar, e foi embora. O que eu fiz de errado? O que este lugar te fez de mal? Você apenas gritou: "este não é o meu lugar", mas o seu lugar não foi sempre comigo? Por que você não pode apenas dizer que me ama e fincar os seus pés no chão? Por que você tem que sumir entre as montanhas, e nunca mais voltar? Por que você tem que me deixar? E agora, quando me perguntarem sobre você, direi: "ele foi embora", as pessoas me questionarão por que eu não fui com você, mas elas não se questionarão porque você foi. Você nunca pertenceu a um chão, você sempre pertenceu as estradas e as novidades. Eu fui uma novidade um dia, você pensa que não mais. Depois de correr tanto para alcançar o seu carro, sentei na estrada e começei a chorar, com muitos motivos. E sabe o pior deles? Você é o meu pai, e por isso essa dor sempre consumirá metade de mim.

                                                De sua filha,
                                                                Samanta.

Pauta para Suas palavras, 22ª edição imagem. Tema: Foto.

3 opiniões:

Ray C. disse...

CARAMBA! Sem palavras. Nooooossa! Esse texto me surprendeu. Estava preparada pra dizer o quão lindo ficou, até que eu li a última linha. Nossa, fiquei de boca aberta REHAUIEAHRUIR ficou realmente lindo, e triste ):

Gabriele Babele disse...

;---------; Omg, vou dormir com um apertinho no coração agora rs. Lindo! Não preciso dizer mais nda..

Ana Paula Ribeiro disse...

NOSSA, que texto lindo. Extremamente sensivel e no fim se percebe que é a dor de uma filha. Parabéns Fernanda. Beijos.

http://ribeiroap.blogspot.com/

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