quarta-feira, 4 de julho de 2012

Imensidão crepuscular



                Eu estava deitada na prancha de surf, sobre o mar calmo, as mãos submersas na água gélida. Ele parou a prancha dele ao meu lado, estava com o corpo mergulhado, e os largos braços cruzados e apoiados, os olhos me fitando.
                - Alguém já te disse que você tem olhos lindos?
                - Não. – Respondi enquanto buscava alguém na memória que alguma vez tivesse elogiado meus olhos castanhos.
                - Seus olhos são tão bonitos, penetrantes. Não são da cor escura do pinheiro ou do carvalho, são mais simples, mais tocantes. Também não se comparam ao mel ainda na colmeia, claro e doce. Seus olhos são como o pôr do sol, magnífico e calmante. É o marrom da mistura de cores do crepúsculo, o azul misturado com o vermelho, as ondas de amarelo, o castanho no final das nuvens. Sim, eles são como a noite que me magnetiza, eles me fazem pensar sobre os anseios da vida, passam calor, passam escuridão. Refletidos na água do mar, a mesma onde o sol se pôs, eles me chamam para um mergulho. Nunca diria não, na verdade eu não diria nada. Apenas mergulharia nesta sua imensidão tão complexa e encantadora.
                Aqueles segundos que fiquei parada, encarando aqueles olhos azuis celestiais me fizeram perceber a quão apaixonada eu estava. Não hesitei, mergulhei e sumi alguns instantes, retornando com o rosto molhado e a boca pronta para um beijo de poesia.

1 opiniões:

Ana Paula Ribeiro disse...

Nossa, cada detalhe, cada elogio perfeito, cada olhar, pude imaginar tudo e me senti estando nestas águas geladas. Lindo texto, impressionante sua sensibilidade para com o amor.
Beijos, bom fim de semana. :)

http://ribeiroap.blogspot.com.br/

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