Desviei
o olhar. Como pode alguém ter o melhor e o pior de mim? Como pode alguém
fazer-me parar de uma hora para outra? Assim como os girassóis seguem o sol,
ele era o meu sol. Eu seguia os seus leves movimentos, as piscadas, os
sorrisos, como ele passava a mão no cabelo. Eu tinha a necessidade de estar
perto, ele me consumia como um chocolate amargo, consumia-me só pelo desejo de
consumir, e ele não fazia ideia disso.
E
eu olhava, incendiava o lugar, e só eu sentia as labaredas subindo e tomando
conta de todo ar que eu dispunha antes. A cada minuto eu ficava mais sufocada, e
não me importava com isso. O fogo não tomava conta de mim, porque eu era o
fogo, eu ansiava por queimar toda e qualquer possibilidade de fuga, eu ansiava
pelos tetos desabados e pelos gritos de socorro. Eu anseio que a minha alma se
encha com algo palpável, além deste amor que arde em mim a cada olhar que ele
me lança.
Por
que tudo é tão vazio? É tão sem cor? Ele molda os quadros com a sua palheta
infinita de cor, e eu assisto ao espetáculo. Ele move os ombros, abre a boca,
mas não emite nenhum som. Bate palmas, pergunta às estrelas os motivos pelo
qual o planeta me move. Ele move o meu planeta, todas as minhas estrelas
brilham, receosas por uma pincelada dele. E eu me deixo ir, pois não há outro
lugar que eu queira estar. Talvez um mundo mais colorido, com mais corujas e
sentimentos palpáveis, mas não posso desgrudar os olhos dele. Eu simplesmente não
consigo.
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