Eu já não
sinto tanto medo do escuro quanto antes. Eu me acostumei com a de claro e escuro, de dias bons e ruins. Eu já
não penso mais assim. Alguns devem ter privilégios, e só a palavra já diz que
um tem mais que o outro. Talvez seja sorte, destino, ou as escolhas. Talvez eu
seja muito sortuda, ou que a chuva do azar cai sobre mim todos os dias. Estive
analisando os prós e os contras de viver. Eu sinto, amor e dor. Eu vejo, coisas
belas e atrocidades. Eu sonho, com o meu mundo e um imaginário. Eu respiro, a
vida e a poluição. Eu falo, o bem e o mal. Eu choro, de alegria e de tristeza.
Eu sou. Quem eu sou, quem eu quero ser.
Talvez viver não seja tão bom, ou nem tão
ruim. Não seria uma grande aventura morrer? Eu morro. Aos poucos, quando o meu
nome for riscado. Fernanda. Suponho que nomes riscados tenham conhecido aquela
tal escuridão de que falei. Nomes riscados já viram de tudo, ou pelo menos o
que precisavam, ou não, ver. Viver vale a pena, o nanquim e o papel. Vale pelas
memórias, pelo ser e pelos outros. Vale por cada beco escuro e cada aura mal iluminada.
Que o escuro me consuma, que consuma a todos nós, que a tristeza invada o nosso
ser, para quando o sol entrar, que a vida valha a pena. Se a claridade não
tivesse o seu oposto, se nós não tivéssemos dois lados, como seríamos felizes?
Como poderíamos sentir, ver, falar, viver? Como poderíamos criar tantos verbos
para descrever a mesma sensação? A sensação de ser, de perceber que você é único,
e que nada mudará isso.
Eu já não sinto tanto medo do escuro quanto antes, pois
esta escuridão me fez ver melhor. Fez-me perder o medo de mostrar quem eu sou,
tirou-me tudo, trancou-me com a solidão. E hoje eu não me sinto tão só, porque
ela me deu a certeza da luz. O ditado que sempre há uma luz no fim do túnel?
Ele pode ser o quão comprido quiser, e mesmo assim conseguiremos ver o feixe.
Agradeço a todos que cavaram o meu túnel. Que grande aventura é viver.
1 opiniões:
Nossa Fernanda, eu adoro seus textos.
Kisses.
http://deliriosdeumamentesurreal.blogspot.com.br/
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