quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Damas e valetes


            A aleatoriedade é algo engraçado, dizem que é quase um trabalho do destino. Encontrar um amigo na volta de casa, trocar de calçada e avistar um vizinho, ficar até mais tarde na escola por motivo nenhum e ir de trem com aquele garoto que você conheceu na semana passada. Esbarrar na sua paixão e ver que ela já encontrou outra.
            Talvez não seja tão bom assim, dizia Marcelo. O pequeno Marcelo, não tão pequeno assim vivia com a cabeça no mundo da lua, mas digamos ser dos baralhos. Ele era mais o valete de sua vida, sempre em segundo plano. E quem mais arrancaria o rei da sua carta de espadas? A rainha de copas, a sempre aleatoriedade de encontrar corações buscadores de amor. Sim, ela a pôs ali para o pequeno valete que foi derrotado pelo rei destino.
            Esse destino que tanto brinca conosco. Marcelo era o valete, a torre, nunca o rei. Eis que num surto de sorte, quem sabe a sua nomeação, o bispo come todos os cavalos, os peões tornam-se rainhas e o valete um rei de espadas.
            Protegido pelos áses e pela rainha, menos atacado do que qualquer coisa, o cheque mate não tardaria a vir.
            A aleatoriedade é algo engraçado, no mínimo interessante. E Marcelo não era exceção, era a minha vida, a dor que consome a tinta das cartas e do tabuleiro. Porque tudo é um jogo, e hoje em dia nem par ou ímpar eu tenho ganhado.

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