A
aleatoriedade é algo engraçado, dizem que é quase um trabalho do destino.
Encontrar um amigo na volta de casa, trocar de calçada e avistar um vizinho,
ficar até mais tarde na escola por motivo nenhum e ir de trem com aquele garoto
que você conheceu na semana passada. Esbarrar na sua paixão e ver que ela já
encontrou outra.
Talvez não seja tão bom assim, dizia Marcelo. O pequeno
Marcelo, não tão pequeno assim vivia com a cabeça no mundo da lua, mas digamos
ser dos baralhos. Ele era mais o valete de sua vida, sempre em segundo plano. E
quem mais arrancaria o rei da sua carta de espadas? A rainha de copas, a sempre
aleatoriedade de encontrar corações buscadores de amor. Sim, ela a pôs ali para
o pequeno valete que foi derrotado pelo rei destino.
Esse destino que tanto brinca conosco. Marcelo era o valete,
a torre, nunca o rei. Eis que num surto de sorte, quem sabe a sua nomeação, o
bispo come todos os cavalos, os peões tornam-se rainhas e o valete um rei de
espadas.
Protegido pelos áses e pela rainha, menos atacado do que
qualquer coisa, o cheque mate não tardaria a vir.
A aleatoriedade é algo engraçado, no mínimo interessante. E
Marcelo não era exceção, era a minha vida, a dor que consome a tinta das cartas
e do tabuleiro. Porque tudo é um jogo, e hoje em dia nem par ou ímpar eu tenho
ganhado.
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