E como
água ela escorre, desliza, esfria. Ela descia pelo braço dele, contornava as
pintas, parava na dobra do cotovelo. Como água, como chuva, como o frio. Ela
contornava o braço, o cabelo, os olhos. Era tudo tão quente, e ela tão gelada.
Tinha dedos de água, mas um coração quente, ele sabia. Ele sentia. Sentia
aqueles dedos escorrendo no braço, no pescoço, no rosto. E era como a chuva que
caía, e ele adorava chuvas. Ele ainda gosta, das fortes e geladas. E como chuva
eles amam cair, não em si mesmos, mas entre si.
"Ainda respiro este mesmo ar de sempre, piso na terra molhada onde os meus antepassados plantaram, vivo no mesmo mundo em que os músicos fizeram a sua fama. Se ainda vivo neste mundo e sou uma peça perdida no tabuleiro, eu acredito no impossível e faço dele o meu desafio." (Fernanda Pessanha)
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