quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Vento de perfume

      Às vezes eu minto que quero ficar só, mas o que eu mais quero é estar perto. Eu me isolo no bosque esperando que outro isolado apareça, e que tenhamos algo em comum para falar, além da solidão. Eu estou perdida, e ouço uma música que cantei ontem. Ela vem do outro lado do bosque, o vento traz a melodia, o violão acompanha as vozes. Eu levanto meus olhos do papel para ver se encontro alguém conhecido, e a música para. Ouço pássaros, o barulho da fonte, vozes ao longe, mas desconhecidas. Acho que isso é bom, escutar o silêncio acalma, a rotina te deixa cansada quando perde o encanto das primeiras vezes.
      Talvez eu esteja esperando alguém me resgatar, um amigo, um professor, um gato. Por aqui há vários deles, brancos, pretos, malhados, listrados, marrons e ruivos. Não sou muito de gatos, eles não são tão companheiros. Acho que é por isso que estou rodeada de gatos, pessoas não falsas, mas supérfluas.
      O sol já bate em mim e ninguém apareceu, eu me sinto bem, não só. O cheiro do meu perfume já entrou em mim, e agora não há jeito de sair. E eu espero não ser como o perfume, porque neste instante eu me levanto e vou. Vamos espalhar este perfume por aí.

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