quinta-feira, 22 de julho de 2010

Arthur Hastings

Londres, 12 de junho de 1986.

            Querido Hastings,

   Desde que nos encontramos no trem em direção a Londres, não me esqueço do seu rosto. Pálido, meio assustado eu sei, mas muito expressivo quanto a minha atitude naquele momento. As palavras que soltei ao vento pela janela do trem no banco ao seu lado foram apenas para chamar sua atenção; e eu a consegui.
   A noite que passamos juntos, depois o vinho branco chileno e suas histórias como detetive me fascinara. Ainda me recordo de seus lábios, movendo-se com extrema rapidez e delicadeza, com as palavras bem colocadas sobre um assassinato no campo de golfe.
   Nossos beijos bem dados entre os goles do vinho são inesquecíveis. Todas as vezes que passo a mão sobre a minha coxa, alvo de mordidas escandalosas, sinto um fervor prazeroso. Estou escrevendo sobre essas linhas com a mão trêmula só de pensar em você. Não imagina o estrago que me causou ao convidar-me para uma noite.
   Eu penso se você ainda se recorda de mim. Penso se você rola na cama a pensar nos movimentos sensuais que fizemos no chão do quarto, o vinho derramado no tapete e os gritos alarmantes que ecoavam pelas paredes. Você me possuiu como ninguém.
   Querido, se você recebeu esta carta, escreva-me. Conte-me mais sobre os seus curiosos casos de detetive, suas jornadas em busca de pistas e as sensações captadas durante suas viagens. Eu quero ser informada sobre tudo, desejo ser entretida com fatos reveladores vindos de você.
   Desejo profundamente sua presença. Meus pensamentos não seguem mais uma diretriz, eles só querem você. Desejo seu calor, suas mãos, seus lábios percorrendo cada linha do meu corpo.
   Meu amor, eu te espero. Não necessito de nada além de você. Quero o teu amor, quero você comigo e todos os momentos que passamos juntos. Estou agora de olhos fechados, sentido o seu beijo de despedida ao me deixar partir naquele trem. Eu sei que aquela não foi a nossa última vez. Por favor, responda a minha carta, eu te imploro.

                                                   Beijos carinhosos,
                                                                        Cinderela.



Pauta para Bloínquês, 3ª edição. Tema: Sedução.

2 opiniões:

Camila Mancio. disse...

amei, você escreve muito bem.

pena que nem tudo que esperamos acontece.

Letícia disse...

Parabéns pelo 3° lugar õõ/
amei o texto (: mereceu ;D
beeijoos :**

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