quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os dias mais felizes

Ele me perguntou qual fora o momento mais feliz da minha vida. Eu sorri sem entender e dei as costas, ele insistiu na pergunta. Eu sabia que ele não iria embora, então contei:
-O dia mais feliz da minha vida foi aquele que eu não parava de sorrir, eu estava repleta de energia positiva e ninguém conseguiria me por para baixo. Foi o dia em que eu não tive medo de ser quem eu sou, o dia em que eu não fingi ser outra pessoa para agradar alguém próximo. Esse dia eu pude respirar o ar e senti que meus pulmões explodiriam de tanta pureza, pude beijar todas as pessoas que conhecia e deixar um sorriso em cada rosto, pude jogar-me no chão e sentir o frio entrando pela minha pele sem medo. Foi neste dia em que beijei o meu primeiro namorado.
Ele pegou a minha mão e contou o dia mais feliz da vida dele:
-O dia mais feliz da minha vida foi aquele em que eu gritei para a escola toda o que eu pensava, o dia em que eu subi no palco e falei o que pensava de cada um, disse o que estava engasgado. Senti-me aliviado de não fingir para as pessoas que eu gostava delas, talvez por interesse ou pelo destino, que me pôs no caminho do infeliz. Neste dia eu pude dizer que tinha razão e sentir que eu estava certo, que ninguém tinha o direito de dizer o contrário, pois eu não mudaria nada! Foi neste dia em que comecei a escrever e dizer nas palavras o que penso das coisas ao meu redor, das estranhas pessoas com seus olhares fuziladores tentando entrar na sua mente. Nestas pequenas palavras que juntas, formam uma muralha de frases que são tão forte que mudam opiniões e conceitos. Os meus foram mudados e eu continuo a tentar mudar o mundo, não mudar o que as pessoas são, mas o que pensam sobre determinados assuntos.
Então eu percebi que na mais simples ação, como a de pegar a mão do seu namorado, ou na mais complexa, como mudar conceitos e juntar as pessoas, tudo está relacionado. Somos humanos e não vamos mudar sozinhos, sempre estamos em grupos, com as mesmas opiniões e significados para coisas mortas. Foram aqueles pequenos minutos que mudaram o meu conceito de ver as pessoas, e assim ele continua mudando. Surpreendo-me quando, com o meu próprio texto, eu mudo as minhas opiniões. Escrever é mais do que juntar palavras e formar significados, é se conhecer melhor a cada parágrafo, e apenas alguém que conhecer o real significado da escrita sabe por sentimento e se sentir feliz com cada frase. Nada vai me fazer mudar de idéia, estou certa disso.



Pauta para Bloínquês, 40ª edição. Tema: Frase em itálico.


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