segunda-feira, 11 de março de 2013

Ousada escuridão



                É uma mistura de admiração e pavor, e eu tenho dito a mim mesma que não tomarei desta bebida. Eis que você me entorna e me consome, e juntando todos os nossos fluidos eu sei que isso vai dar uma baita mutação.
                Alguém me disse que os mais fortes sobrevivem, e que a genética muda para nos adaptarmos ao nosso meio. É por isso que nos misturamos, modificamo-nos? Para eu caber no seu meio e você no meu?
                E dentro da água, nesta imensidão eu vejo você. Eu vejo os seus olhos, essa mistura de admiração e pavor. É uma mistura escura, e é isso o que significa o seu nome. Escuro. E eu vou caindo nesta escuridão, nesta mutação, neste meio.
                Chame do que quiser, chame do que for mais propicio. Porque alguém, um dia, disse-me que desenhar acalma, e desde então eu tenho desenhado o futuro. Essa mistura louca de eu e você, que eu tanto quero e tanto adio.
                Vai ver que gritar ou agarrar um braço só pra sentir a presença seja algo comum, só pra chamar um nome e ouvir o seu de volta. Isso não é bom? Alguém saber o seu nome, e mais do que isso, gostar de dizê-lo.
                E eu vou juntando nossas águas e nossas lágrimas, pra ver se nesta imensidão de mar o único nome que ecoa são os nossos.

1 opiniões:

Ana Carolina disse...

Lindo, Fernanda!
Saudade dos seus escritos.

O que dá conforto é ver aquela pessoa no nosso lado, mesmo no silêncio, já é o suficiente.

Abraço,
Ana Carolina.

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