É uma
mistura de admiração e pavor, e eu tenho dito a mim mesma que não tomarei desta
bebida. Eis que você me entorna e me consome, e juntando todos os nossos
fluidos eu sei que isso vai dar uma baita mutação.
Alguém
me disse que os mais fortes sobrevivem, e que a genética muda para nos adaptarmos
ao nosso meio. É por isso que nos misturamos, modificamo-nos? Para eu caber no
seu meio e você no meu?
E
dentro da água, nesta imensidão eu vejo você. Eu vejo os seus olhos, essa
mistura de admiração e pavor. É uma mistura escura, e é isso o que significa o
seu nome. Escuro. E eu vou caindo nesta escuridão, nesta mutação, neste meio.
Chame
do que quiser, chame do que for mais propicio. Porque alguém, um dia, disse-me
que desenhar acalma, e desde então eu tenho desenhado o futuro. Essa mistura
louca de eu e você, que eu tanto quero e tanto adio.
Vai ver
que gritar ou agarrar um braço só pra sentir a presença seja algo comum, só pra
chamar um nome e ouvir o seu de volta. Isso não é bom? Alguém saber o seu nome,
e mais do que isso, gostar de dizê-lo.
E eu
vou juntando nossas águas e nossas lágrimas, pra ver se nesta imensidão de mar
o único nome que ecoa são os nossos.
1 opiniões:
Lindo, Fernanda!
Saudade dos seus escritos.
O que dá conforto é ver aquela pessoa no nosso lado, mesmo no silêncio, já é o suficiente.
Abraço,
Ana Carolina.
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