segunda-feira, 12 de março de 2012

Caroável amigo

   Nem tudo na vida é muito certo, principalmente se tratando de amor. Existem aquelas tais paixões platônicas, que pelo menos comigo, aconteciam todo ano com o garoto mais bonito da turma. Mas não ano passado; com os meus catorze anos nas veias eu gostei de um menino mais velho, de um menino tímido, de um menino comprometido. Sabe-se que eu não sou lá uma conquistadora, então me encolhi na minha concha para não sair mais, não para aquele menino.
     Mas como já disse que tudo não é certo, eu voltei a me apaixonar por ele, e com quinze anos eu já havia aprendido a ser tão cara-de-pau quanto a minha melhor amiga. Sim, ele se tornou meu amigo, como tantos outros, e eu estava feliz por ele estar ali, perto de mim, dividindo o mesmo grupo.
     "E o amor, onde se encaixa?", eu gritava para mim mesma. E em meados dos meus quinze anos, eu me declarei, eu o agarrei, eu simplesmente deixei fluir tudo o que estava preso em mim, tudo o que eu havia guardado por tanto tempo.
     Ele é a minha alegria de acordar todos os dias cedo, de demorar uma eternidade para ir à escola, mas do mesmo jeito chegar abraçando todos. Ele me faz rir, faz-me sentir bem, consegue tirar de mim histórias que eu não repetia a mim mesma. E ao mesmo tempo se afasta, deixa aquele gosto de saudade apertada no peito, fica frio e depois esquenta.
     Nós somos problemáticos, e como todos os meros mortais, gostamos do puxa-empurra da vida. Somos maleáveis, somos amargos, somos caroáveis, somos duas pessoas que se gostam, mas não se rendem um ao outro.
     Sim, ele é especial, mas não pode saber disso. Ou melhor, pode sim, mas nunca terá a certeza que isso é para sempre. A distância nos faz querer mais, a saudade esquenta os nossos peitos, os beijos doces não são o pão de cada dia, mas a bomba de chocolate da sexta-feira.
     E nesse ritmo nós vamos vivendo, ele vai continuar me segurando, e eu continuarei abraçando-o. Nem todos sabem, muitos desconfiam, mas a certeza que eu tenho é que o sentimento é especial, e eu não posso pará-lo, eu não quero.
Pauta para Bloínquês, 97ª edição opinativa. Tema: Quando conheci você...


1 opiniões:

Naty Araújo disse...

Fernanda, que lindo seu texto.
Eu posso te fazer uma pergunta pessoal?
Bom, vou fazer, se for responder eu deleto seu comentário depois, caso queira...

Vocês meio que têm um relacionamento escondido, é isso?
As pessoas não sabem, mas vocês se gostam e estão juntos?

Se for isso, tá... você conseguiu descrever a minha história só que de um outro jeito rsrsrs.

Adorei!
O resultado da edição já saiu. Estou postando agora.

Agradeço sua participação,
Natalia Araújo - moderadora da edição opinativa - BLQ

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