Quero uma válvula de escape,
Um dia mais ensolarado
Com um vento frio uivante,
Talvez eu tenha isso
As minhas pálpebras não me deixam ver,
Medo da claridade,
Não, da poeira cósmica escondida nas lágrimas,
Tão pequenas
Tão alarmantes,
O céu está caindo,
E eu?
Tentando apalpar a felicidade,
Sem mais delongas
Ponho os óculos,
Abro os olhos,
O fim é um bonito começo
Vamos ver de camarote,
Sim, com os ingressos de ontem,
É só mais uma válvula.
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Ás vezes eu acordo triste, mesmo uma pessoa tão feliz como
eu. O dia tem sol, mas o vento é estridente, eu não consigo abrir os olhos,
porque eu sei que alguma poeira vai entrar e atazanar a minha lente. Não é medo
do sol, da luz, é medo de ter que andar de olhos fechados até uma corrente de
água, ou esperar que as minhas glândulas lacrimais comecem a trabalhar. E o dia
vai passando, eu continuo meio triste, meio chateada. O céu cai e eu não sei o porquê.
Então eu ponho os meus óculos, vejo tudo melhor, mais nítido. O fim do dia vira
um belo começo para mim, eu me sinto mais feliz, mais amada. E tudo isso por
cima das costas de alguém, porque eu havia esquecido os ingressos de felicidade
que eu tinha comprado ontem. Eu posso ser feliz todos os dias, porque eu quero
ser, mas tem momentos que eu quero chorar só pra esvaziar o container aqui dentro.
É só mais uma válvula de escape para eu voltar a ser quem eu sou.
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