Diariamente a pressa me fazia invisível aos detalhes de onde moro. Os vultos dentro do carro e o pequeno feixe de luz que entra na janela da minha sala deprimiam-me. Eu estava em uma vida monótona e sem graça, eu era mais uma vítima da rapidez em que o mundo gira.
O dia começou triste, e distante, como todos os outros. Motivei-me a não voltar para a rotina, mas acabei encontrando-me novamente no tédio. Olhei o feixe de luz que entrava pela minha janela e desci os cinco lances de escadas do prédio correndo.
Atravessei a porta giratória e senti o ar puro, olhei as árvores e vi pessoas; todas em Paris. Corri para onde o vento me levasse, atravessei ruas com sinal aberto e dancei com o poste, logo eu estava onde eu nunca havia chegado perto. Dois anos de trabalho contínuo, sem família, namorado e amigos para interromper. Eu estava na Torre Eiffel.
Admirei os seus longos arcos e a sua pintura, como as árvores davam um toque especial na paisagem. As flores sorriam para mim enquanto os orvalhos escorriam sobre suas pétalas. Senti no chão e encostei de leve minha cabeça no poste, admirando a linda visão enquanto lágrimas percorriam a minha face rosada.
Alguém tocou em meu braço, fazendo-me acordar. Estava de noite e as luzes todas acesas, ele me olhou e perguntou:
-Você está bem?
-Estou mais que nunca. – Ele me olhou com os olhos verdes amendoados, pegou minha mão e me ajudou a levantar.
-O que você está fazendo cochilando aqui?
-Eu vim me libertar. – Sussurrei em tom de segredo.
-Libertar de que? – Ele sussurrou de volta.
-Da minha monótona vida de escritório.
-Posso te contar uma história engraçada? – Fiz positivo com a cabeça. – Eu me livrei dela há três meses quando olhei para a Torre Eiffel enquanto dirigia. Até hoje gosto quando o sinal desta rua fecha e eu posso admirá-la.
-Quer dançar comigo então? – Estendi minha mão para ele.
-Claro senhorita.
E dançamos ali mesmo, as luzes de Paris.
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Pauta para Bloínquês, 19 edição visual. Tema: Foto do texto.
1 opiniões:
bom texto :*
boa sorte no bloinques.
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