sexta-feira, 14 de maio de 2010

Princesinha


   Era um sábado ensolarado quando acordei e não vi Sofia na cama, levantei-me procurando-a. Ela estava chorando, em um canto da sala, remexendo nos finos cabelos loiros. Peguei-a no colo e sentei no chão de madeira ao lado da poltrona.
   -O que foi minha pequena princesa?
   -Meu cabelo vai cair, papai? – Olhei naqueles desesperados olhos pretos, sem saber o que responder.
   -Depende de você meu bem.
   Ela encostou a sua face rosada na minha camisa branca e começou a chorar, seu choro era desesperado, aguçado e sem consolo. Eu não sabia o que fazer.
   -Papai, se eu morrer, vou ver a mamãe no Céu? – Abracei-a bem forte.
   -Você não vai morrer, Sofia. Nós vamos continuar a quimioterapia e você vai continuar linda como é.
   Ela passou as mãos entre os fios loiros e um tufo de cabelo saiu entre os seus dedos, foi quando ela se escondeu de vergonha, e eu disse que não a amo somente fisicamente e sim espiritualmente, pois não amamos um corpo e sim uma alma.
   Ela pulou em meus braços e começou a soluçar, enquanto eu a carregava para o quarto, cantando a sua canção preferida e a acalmando, pois ela sempre seria a minha princesinha, qualquer que fosse a sua aparência.

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Pauta para Bloínquês, 15° edição conto/história. Tema: Leucemia.

3 opiniões:

Jaqueline Jesus disse...

Se deve ser difícil para um adulto enfrentar uma doença devastadora como o câncer, imagino o sofrimento de uma criança...tão inocente diante dos problemas ;s
Muito bom o texto *-*

Chris disse...

Posso dizer? Odeio histporias onde crianças sofrem, me faz doer o coração e dá vontade de me afogar nas lagrimas.

Vitória Cabral disse...

Awn, que triste ):
Deu vontade de chorar.

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