terça-feira, 4 de maio de 2010

A dying scream makes no sound


   É uma história curta e rápida, desde que estou aqui, estirada no chão banhada pelo meu próprio sangue não tenho muito tempo para relatar com detalhes. A noite escura envolve os meus pecados que me fizeram parar aqui, mas nada disso importa mais.
   Mais um dia depois da escola e sou levada pelos meus amigos para um beco p’ra beber e fumar. Desta vez não foi muito diferente. Eu havia roubado cento e trinta e cinco reais da carteira do meu pai e estávamos gastando em bebidas e drogas. Murilo havia comprado uma arma; ofereceu a seguinte ideia de apontarmos a arma um para o rosto do outro, dizer o que odiamos atirar. Não havia perigo desde que a arma estivesse descarregada, Murilo confirmou.
   Michele foi à primeira, apontou a arma para Rodrigo enquanto Murilo filmava.
   -Eu odeio quando você diz ‘tipo assim’. – E apertou o gatinho, fazendo um ‘clec’, mas sem disparar.
   -Eu detesto essa sua camisa amarela. – Amanda apertou o gatinho em direção a Michel, realizando um ‘clec’, novamente sem o disparo.
   Guilherme apontou a arma para mim e antes que ele pudesse dizer algo, Murilo parou de filmar e repassou a atenção a um casal que brigava em frente. Retomando a atenção, deu uma nova ideia.
   -Guilherme, e se você desse a arma para a Rafaela e ela mesma atirasse nela? Será que você consegue, Rafinha?
   -Claro que eu consigo! – Respondi pegando a arma e apontando para a minha garganta.
   -Eu odeio quando você se acha a dona do mundo, quando quer que todos te respeitem e não respeita a si própria. Detesto o seu jeito de andar, falar e de fumar; nem isso você faz certo.
   Eu olhei para Guilherme, tentando decodificar tudo aqui.
   -Anda Rafinha, aceita as reclamações do Guilherme e atira, eu estou filmando e você não quer amarelar, não é?
   Apertei o gatinho e desta vez não ouvi um ‘clec’, mas sim um ‘pow’, eu estava sangrando. Todos começaram a gritar.
   -Murilo, o que você fez?
   -Eu mandei o Guilherme falar tudo aquilo, você é uma imbecil. Quando ninguém estava olhando eu troquei as armas por uma carregada, e você caiu direitinho! Tenha uma boa noite, Bela Adormecida!
   Olhei para os lados e apenas vi o Murilo desligando a câmera e todos indo embora, ninguém me acudiu ou chamou uma ambulância.
   Agora estou aqui, estirada no chão com o meu próprio sangue, morrendo a cada segundo pela falta de caráter de quem eu chamava de amigos.

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Pauta para Bloínques, 15ª edição visual. Tema: Foto do texto.

2 opiniões:

Unknown disse...

Isso é que são amigos, hein? Toh chocada! Muito diferente o texto! Gostei, beijos

Bá Meneghetti disse...

ADOREI *-------*
eu nao morri , mas passei pela mesma situação.
de descobrir que quem nunca deveria machucar voce , são os que te dao as costas quando voce mais precisa :x
bjs

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