terça-feira, 18 de maio de 2010

Ficção


   Ele falava em vão tentando convencê-la enquanto as roupas eram retiradas do armário e distribuídas em duas grandes malas de viagem. O jornal jogado no chão mostrava a matéria reportando sobre a morte de Hudson Osmed, na semana passada.
   Enquanto ele argumentava sobre como seria errado sair do país por causa de uma besteira ela respirou fundo e olhou-o nos olhos.
   -Você acha que é besteira eu ter matado o meu próprio pai?
   -Emily...
   -Não acrescente mais nada, eu terminarei de arrumar as minhas malas e sairei do país antes que eu seja pega.
   -Emily! Você tinha um motivo!
   -Motivo? Eu matei por causa desta paixão tola que eu tenho por você. Eu nunca devia ter confiado em você; fez-me matar meu próprio pai por medo que você fosse parar na delegacia.
   Continuou a arrumar as malas dando costas ao namorado complicado. Ele já havia cometido vários delitos e estava sendo procurado pela polícia, especificamente pelo pai de Emily; a própria filha, obcecada pelo namorado matou o pai.
   -Qual o seu plano de fuga? – Especulou Peter com os braços para o ar.
   -Eu vou para a rodoviária, pego um ônibus, saio de Vancouver e logo estarei em Washington.
   -E você acha que eu vou deixar você ir embora e me largar aqui? Sem casa, comida, proteção e dinheiro?
   -Eu tenho certeza que você vai se virar sem mim.
   Ela virou-se e desceu as escadas, deixando para trás o namorado. Com as malas nas mãos chamou um táxi para levá-la até a rodoviária; ouviu sirenes. Voltou-se seu olhar para o final da rua e avistou carros policiais virando as esquinas à sua procura. Recuperou o fôlego e subiu em disparada as escadas do prédio, encontrou Peter no caminho.
   -Gostou da surpresa?
   -Seu idiota, vão nos pegar!
   -Eles pegarão você, eu tenho uma fuga.
   -Não tem mais!
   Emily sacou a arma escondida no seu casaco e atirou em Peter fazendo-o cair no chão ensanguentado. Com ar superior pisou no ferimento e continuou a subir as escadas enquanto ouvia os policiais.
   Não havia saída no telhado, ela estava cercada e teria o mesmo destino que Peter, os policiais abriram a porta e apontaram as armas em sua direção. Ela olhou o horizonte e pulou do prédio.
   Caiu em uma rede de proteção e o diretor lhe deu os parabéns pela maravilhosa cena feita, a estrela de mais um filme realizou um salto perfeito em direção a morte fictícia.

--

Pauta para Blorkutando, 86ª semana. Tema: Cinco palavras (em negrito).

4 opiniões:

- disse...

O blog QUEBRA-CABEÇA começou faz duas semanas, eu acho. Mas só postamos dia de segunda :*

Maria Luisa disse...

ficou um bom texto, com uma pitada de suspense e ação :)

bjos

Jaqueline Jesus disse...

noooooooooossa!! choquei com seu texto.
Com certeza merece ganhar *-*
o final realmente é surpreendente. Eu nem tinha imaginado que era tudo pra gravação de um filme. Amei!!

Chris disse...

Meldesudoceu! Drama drama drama e tem até poilias no meio!
Amei!
Tipo, esse foi o melhor!

Não seja um leitor silencioso. Comente!